sábado, 27 de dezembro de 2008

Rickshaw


"Don't plan on marrying baby
I'll get you what you need
Not too far to go on
Not too far to bleed

You can ask for pims in your head
You can ask for symmetrical planning
You can ask for tortuous membrane
You can ask for orange juice frozen

Oooh you

You can ask for any old woman
You can ask for an army of ants
You can ask for a pillar of poison
You can ask for sheep and shavers

And you can die for
Be careful what you wish for
Be careful what you wish for"


(Lyrics by:You know who)

domingo, 21 de dezembro de 2008

"The Soloist" - «O Solista»



"Life has a mind of its own".

Eis o livro que me encontro a ler neste momento: O Solista, de Steve Lopez, mais uma história verídica. Agora deu-me para aqui. Parece que a vida real muitas vezes é, de facto, mais interessante do que ficção. Este livro está a prová-lo.
Steve é um jornalista do Los Angeles Times que encontra, por acaso, um dia, um sem-abrigo a tocar Beethoven nas ruas de L.A. com um violino de apenas duas cordas. Nathaniel Ayers é um ex-aluno da distintíssima Juilliard Music School, quiçá a melhor escola de música do mundo, cujas perturbações mentais o levaram à indigência há mais de 30 anos, deixando, apesar disso, o seu talento musical praticamente intacto. Os sons que arranca do seu velho violino já muito danificado (há muito que só toca com duas cordas visto as outras se terem partido) comovem quem passa e suscitam a atenção de um colunista sempre em busca de assunto para a sua crónica.
A história era boa demais para passar ao lado de Hollywood e o filme está a ser preparado neste momento. Jamie Foxx, o vencedor do Oscar de melhor actor secundário por «Colateral» e Robert Downey Jr., também já nomeado para a referida estatueta dourada (em aparente boa forma depois de tempos bastante conturbados) interpretam Nathaniel e Steve, respectivamente. A estreia norte-americana de "The Soloist" só acontecerá a 24 de Abril de 2009, prevendo-se que a portuguesa seja uns bons meses depois, mas, ainda assim, aqui fica o teaser.
Para quem quiser saber mais sobre este «solista», sugiro a consulta do site do filme, cujo link encontram no teaser.
Boas pesquisas!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Férias alemãs e checas, Setembro 2008 - Berlim (Parte I)



Aqui vão algumas das fotos da belíssima cidade de Berlim, visitada por «las quatro chicas» no passado mês de Setembro. As fotos da segunda parte, em Praga, ficam para outro dia, que isto já não são horas e eu tenho mais que fazer. O considerável atraso de quase três meses na publicação das ditas é disso prova.
Trocando por miúdos, Berlim é das cidades mais bonitas que conheço, mau-grado apenas o frio invernal que já se fazia sentir neste fim de Verão. Houve tempo para conhecer sítios magníficos, documentados pelas fotos (mais de 4000!), ainda que muito poucas estejam aqui por esse mesmo facto: serem demasiadas e até tempo para assistir ao concerto dos Meshuggah, banda de metal sueco que nunca nos agraciou com a sua presença em Portugal, numa sala de espectáculos bem interessante - o Kato Kulturbanhof, ali bem perto do que resta do Muro de Berlim, em Kreuzberg.
Enjoy...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Uma praga à vandalagem!



Não gosto de pessoalizar a coisa e de escrita blogueira intimista, mas estou muito irritada. Rogo daqui uma valente praga aos filhos da puta, à vandalagem que roubou o meu carro (é da minha mãe, mas também é meu) e o abandonou ontem a 5 km de casa, na praia do Baleal no estado lastimável em que se encontra agora. Bela prenda de Natal que nos deram! Vai ser gasto bom dinheiro para arranjar o que foi estragado só porque sim, pelo simples prazer de destruir e de foder a vida dos outros, basicamente. O crime chegou à parvónia=Peniche.

Que lhes dê a todos uma valente desinteria natalícia e que centenas de abutres lhes comam os testículos em decomposição são os meus sinceros votos de Natal para esta ralé inútil.

Que vão todos para uma coisa começada por «C», acabada em «O» e com as letras «ARALH» pelo meio.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O Falsificador de Da Vinci, Thomas Swan

Depois de falar dos livros dos outros, agora é a vez do «meu».
Saiu há algumas semanas mais um dos livros em que aqui a «je» participou na tradução. Sim, vá, isto é publicidade a mim própria à grande e à descarada. O blog é meu, escrevo o que me apetecer: temos pena!
A tradução vem assinada por Marco A. F. Neves, mas este foi, na realidade, um trabalho conjunto de tradutores que prestam/prestaram serviços na empresa deste meu amigo, a Certas Palavras/Eurologos Lda, passe a publicidade. E daí não passe coisa nenhuma que eu quero é que os meus amigos tenham trabalho! E eu também, já agora. O mail está aqui no blog.
O Falsificador de Da Vinci é um policial enérgico, lê-se benzinho e não, não ganho à comissão por dizer isto. Está feito, está morto e este já foi traduzido há dois anos atrás: o pouco que tinham a pagar-me já era. Provavelmente foi gasto em algum festival ou concerto, para não variar.
Não se percebe o porquê de tanta demora na sua publicação, mas ei-lo cá fora e isso é que interessa.
É para quem gosta de thrillers e não, não tem nada que ver com essa estopada idiota escrita por Dan Brown igualmente com o nome Da Vinci no título, posso garantir. Quem quiser ler, leia. Quem não quiser, assim como assim já leu o post. Já não é mau.
(O Falsificador de Da Vinci, T.O: "The Da Vinci Deception", Thomas Swan, Edições Saída de Emergência, 1.ª edição. Outubro de 2008)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

«O Lado Selvagem» ("Into the Wild"), Jon Krakauer

«Seria fácil recorrer a uma imagem estereotipada e classificar Christopher McCandless como mais um rapaz demasiado sensível, um rapaz inconsciente que lia demasiados livros e não possuía um pingo de bom senso. Contudo, o estereótipo não se lhe adapta. McCandless não era um irresponsável, à deriva e confuso, destroçado por um desespero existencial. Muito pelo contrário: a sua vida pulsava de significado e objectivos. Porém o significado que ele arrancava da existência estava para além do caminho confortável: McCandless desconfiava do valor das coisas que chegavam facilmente. Exigia muito de si - mais, em última instância, do que o que podia dar.»
O filme já existe há uns meses e é realizado por Sean Penn. A banda sonora tem o dedo de Eddie Vedder, dos Pearl Jam. O elenco também está recheado de nomes consagrados hollywoodescos e, ainda assim, não vi o filme. Helàs! Bom, parece que agora vou ter mesmo de o ver.
O livro de Jon Krakauer, jornalista, alpinista e colaborador de revistas como a "Outside", a "National Geographic" ou a GEO conta-nos a história (verídica) de Chris McCandless, um puto rico de vinte e poucos anos, oriundo de Annandale, Virgínia, aluno brilhante acabadinho de sair da faculdade com um canudo de Direito debaixo do braço que, nos idos de 1990, resolve largar tudo e atravessar a América rumo ao 49º estado: o Alasca. Antes de partir, porém, entrega todo o dinheiro que possui, 25,000 dólares à OXFAM, queima as notas que tem na carteira, despoja-se de tudo o que considera supérfluo e parte no seu Datsun B210 amarelo rumo à odisseia da sua vida, com pouco mais do que uns quilos de arroz na mochila, material de campismo e muitos livros. São frequentes as citações de Boris Pasternak do seu "Doutor Jivago" ou de Leo Tolstoi (o livro de eleição de Chris é «Guerra e Paz»), entre outros. Cedo perde o carro, a canoa de ferro que adquire a posteriori e se vê obrigado a percorrer vários quilómetros a pé e à boleia.
E perguntamos nós: mas o que é que dá na cabeça de um miúdo privilegiado, cujo pai é um famoso cientista da NASA, para, de repente, resolver levar uma vida de quase pedinte, passar fome e dificuldades terríveis durante dois anos e auto-condenar-se à morte?
A resposta não é fácil e o livro, apesar da apurada investigação levada a cabo por Krakauer apenas nos fornece pistas e hipóteses do que seriam os motivos para Chris/Alex Supertramp (pseudónimo que adopta no início da viagem para se libertar da sua vida anterior) resolver meter-se em tamanha epopeia.
Ao longo dos dois anos em que desaparece da face da terra (ninguém sabe dele durante todo esse período, apesar das buscas empreendidas pelos pais), Chris vai fazendo amigos, aprendendo muito sobre a vida, trabalhando em tudo o que aparece (seja em elevadores de cereais, McDonald's, restaurantes italianos, etc...) para subsistir e deixando a sua marca (Alex Supertramp) por onde passa. Em nenhuma passagem do livro encaramos a personagem principal como um louco suicida ou um puto imberbe e mimado com a mania de que tem de se armar ao pingarelho e largar a vidinha confortável na casa dos pais para poder dizer que sabe o que custa a vida. Não é disso que se trata. Chris é apenas um jovem de uma rara inteligência, de coração puro, algo ingénuo, verdade seja dita, mas muito corajoso, que apenas tem o azar de ser traído pela sua excessiva confiança e falta de preparação para sobreviver num ambiente selvagem. O erro que acaba por lhe causar a morte teria sido facilmente evitável caso Chris tivesse pertencido a um qualquer corpo de escutas, mas isso não lhe retira o mérito. É impossível (na minha opinião, pelo menos) não nos identificarmos com ele, nem que seja em breves trechos da narrativa. Evidentemente que passará pela cabeça de muito poucos desaparecer do nosso confortável cantinho luso de temperaturas amenas rumo ao gelado Alasca, mas quantos de nós já se sentiram frustados pelas expectativas em nós depositadas? Quantos de nós são obrigados, ou nós próprios nos obrigamos, a fazer coisas contra o nosso querer de modo a satisfazer uma vontade alheia e impositiva? Quantos nos sentimos enganados quando o nosso modelo de virtude, aquele que, não raro, nos impõe as suas escolhas como sendo as correctas para, mais tarde, virmos a descobrir que também essa virtude tem pés de barro? Soa-vos familiar? Imagino que sim.
A breve vida de Chris McCandless foi retratada por Jon Krakauer na revista "Outside" em 1993, meses após a morte do primeiro, em Agosto de 1992, num artigo que lançou a comoção América fora. É um livro para pais, filhos e pessoas em busca não do sentido da vida (convenhamos que isso nem a Bíblia), mas de uma transmissão de pureza que já perdemos há muito e de uma relativização do que, por vezes, achamos tão complicado e que, no fundo, se formos espremer os factos, não o é. De todo.
Magnífico livro. Que as citações falem por si.
«Mais do que amor, dinheiro, fama, concedam-me verdade. Sentei-me a uma mesa que exibia comida sofisticada e vinho em abundância, uma companhia subserviente, mas onde não existia sinceridade e verdade; e parti faminto da mesa hostil. A hospitalidade era fria como gelo. (Henry David Thoreau, "Walden, or Life in the Woods")»
«A felicidade só é verdadeira quando partilhada.»
(O Lado Selvagem, T.O: Into the Wild, de Jon Krakauer. Editorial Presença, 5.ª edição, Outubro de 2008)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Gogol Bordello: os verdadeiros Gypsy Kings










Luzes, câmara, forrobodó. O gypsy punk aterrou na Praça de Touros do Campo Pequeno sem pedir licença e, assim como quem não quer a coisa, aqueceu uma fria noite outonal de Dezembro do ano da graça do Senhor de 2008.
Cá fora, uma carrinha VW com mais de surfista do que propriamente cigano debitava "Super Taranta!" aos gritos como que a antecipar a rebaldaria. Demos o desconto à Optimus, a patrocinadora da noite: os senhores percebem de telemóveis, não de música. E daí tudo bem, desde que vão acertando, como foi o caso desta noite.
Desconhecia-se se iria haver banda a fazer a primeira parte por isso, e como os bilhetes marcavam as 21h para o início do espectáculo, vai de correr que nem umas desalmadas para dentro da sala para marcar lugar bem juntinho ao palco, na plateia e também para não perder pitada. Afinal não valia a pena tanta correria pois não só não houve primeira parte, como a espera de uma hora se revelou aborrecida, com uma espécie de creche de miudagem demasiado bêbeda e/ou drogada atrás de nós, daqueles que não se aguentam em pé depois de uns copos e desatam a cair para cima dos outros com os esperados safanões e cotoveladas a serem dados aqui pelas meninas já pelos cabelos de tanta imberbérie.
Depois do furacão sonoro a que já tínhamos sido submetidos no Alive! deste ano, esperava-se, no mínimo, o mesmo e eis que Eugene Hutz e sua trupe invadem o palco, de garrafa de vinho na mão. "Illumination" começa e dá-se igualmente início a uma sessão de mosh digna de um concerto de heavy metal. Desde Machine Head, no Getafe Electric Weekend deste ano, em Madrid, que não me via em tamanha confusão. Parece que afinal estar ali juntinho ao palco não tinha sido assim tão boa ideia e a solução foi tentar furar por entre a canalhada para um pouco mais ao lado do palco. Via-se bem, não havia confusão e... respirava-se.
A comunicação com o público resumiu-se a uma única palavra durante todo o concerto: «obrigado». Não se lhes pedia mais, até porque os Gogol suaram as estopinhas durante aquelas duas horas. Seis em palco, depois oito, com as cheerleaders/bailarinas/tocadoras de bombo e pratos/etc a dançarem freneticamente e a puxar por uma multidão já de si enlouquecida. Era ver homens a agarrar nas companheiras e amigas e a puxá-las para dançar (onde havia espaço), como se estivéssemos não num concerto mas numa sala de baile de terrinha. Ver Gogol Bordello sem abanar a anca é como ir à bola e não insultar o árbitro: não dá. Por isso, let's shake that ass!
A festa brava continua com "Ultimate", "When The Trickster Starts A-Poking (Bordello Kind Of Guy)", "Supertheory of Supereverything / Immigrant Punk / Dogs Were Barking", "Wonderlust King", "Mishto!", "Tribal Connection" , "60 Revolutions", "American Wedding", "Not A Crime", "Baro Foro" e, no encore, "Start Wearing Purple", "Cynic", "Mala Vida" e, a terminar, "Think Locally, Fuck Globally". Pelo meio, ainda houve direito a uns versos de "Another Brick in the Wall", dos Pink Floyd.
Eugene Hutz esperneia, salta, dança que nem louco, vai bebendo a sua garrafita de tinto em palco, agarra num balde vermelho que enfia no tripé do microfone e faz dele bateria, como se o cagaçal sonoro não tivesse ainda decibéis suficientes e, no fim «partilha» o resto do seu vinho com os presentes na primeira fila. No final, balde e garrafa ao ar, qual casamento cigano. Os estilhaços indicam que acabou aqui. E siga a dança!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Freezing my ass in PORTO!

















Viagem de gajas. Chuva. Um frio do car...ago. Granizo. Chuva como palha velha. Diversão louca e selvagem a norte. E sim, isto é uma colagem descaradona do estilo de escrita da revista "Happy", aquela que é constituída em 99% por artigos sobre sexo com várias pessoas ao mesmo tempo, vizinhos, amigas, chefes e o que aparecer à frente incluídos, 1% de tratamentos para emagrecer quer se precise ou não, o que importa é pesar 40 kg ou menos caso contrário homem nenhum olhará para nós e AH... uns vales de desconto porreiros que trazem, por vezes, descontos igualmente porreiros em lojas que o gajedo aprecia e que constitui, na essência, o ÚNICO motivo pelo qual, nós, jovens mulheres, ainda nos damos ao trabalho de a comprar. Bom, falo por mim. Trata-se obviamente de uma private joke a quem comigo empreendeu tamanha viagem. Ficámos também a saber as previsões astrológicas para 2009 da dita revista: para as Carneiros (e eram duas) vai ser um ano muito bom, para as Balanças (também eram duas) parece que também não vai ser mau, para a Sagitário (moi même) é que parece que o sol não vai brilhar lá muito, excepto a nível profissional em que até há alguns aspectos positivos. Quanto ao resto, kaput. Mais um ano para o galheiro, a juntar aos dois últimos. Espero que a credibilidade das previsões da revista seja directamente proporcional ao interesse dos artigos íntimos que a preenchem: nula. Fingers crossed.
Adiante. O Porto é uma bela cidade, pequena, mas confusa. Não há sentido de orientação (que friso, não tenho, de todo) que aguente. Já não ia lá há anos suficientes para me esquecer que afinal aquela torrezita ali ao pé do jardim e de uma igreja forrada a azulejos por fora é a dos Clérigos e não outra qualquer. Curioso, da outra vez parecia maior ou então era eu que era pequena.
É reconfortante entrar na «Lello & Irmão», provavelmente a livraria mais bonita a que fui nos últimos tempos e respirar história: estão lá as cartas de Camilo Castelo Branco afixadas na parede do primeiro andar. Os preços não convidam por aí além até porque o gigante francês do costume também marca forte presença a norte, mas quem quer saber disso?
A exposição de Juan Munõz, na Fundação de Serralves, ocupa-nos parte da tarde de domingo. Está patente até dia 18 de Janeiro e merece bem a visita. Os jardins também e por lá andámos, ainda que no fim já debaixo de um intenso aguaceiro.
No dia seguinte havia que visitar a Casa da Música, um assombro arquitectónico de Rem Koolhaas, que só ficou concluída em 2006 apesar de aprazada inicialmente para 2001, no âmbito das comemorações do Porto, Capital Europeia da Cultura. Atrasos à parte, está aqui uma das mais belas salas de espectáculos do país. Só não digo «A» mais bela porque não estavam a decorrer concertos no dia da visita e não posso opinar com total conhecimento de causa. Igualmente digno de nota: a estátua do leão a esmagar uma águia que se avista do alto do edifício, em plena Rotunda da Boavista. Bonito. :-) Em seguida e apesar do frio contínuo e da chuva, toca de virar motores para a Foz, à beira-mar para um almoço bem tardio. Eu já salivava por uma pizza desde o dia anterior. Por isso, o almoço da aniversariante do dia foi cumprido. Com vista de mar, tanto melhor!
A noite do Porto é muitíssimo recomendável: há bares para todos os gostos. Destaco o «Pherrugem» (obrigada pela dica amigos D. e A.!), muito a minha onda, o «Maus Hábitos», com algumas semelhanças à nossa (salvo seja que não sou alfacinha...) Fábrica de Braço de Prata, com várias salas, música ao vivo de diversos estilos e «O Meu Mercedes é maior que o teu», ali mesmo na Ribeira, que só pelo nome merecia a visita. Boa música, bom ambiente, a voltar sem dúvidas de qualquer espécie. Pelo meio uma passagem pelo franchise local do «Havana», mas só para beber dois Bacardis à borla. Acham mesmo que eu ia lá só porque sim, não? I don't think so...
Finito, as «meneinas» (e que giro foi ser tratada por «meneina» durante 3 dias!) regressaram à capital, para mais uma semana de muito trabalho. De volta, trouxe-se constipações, articulações doridas e muito boas memórias. É isso que se quer.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Inspirational moments #1

«Se a vida te virar as costas... apalpa-lhe o rabo.»

(Momento de troca de e-mails de profundo sentido existencial durante o horário de expediente, por volta das 17 e tal, mais coisa menos coisa.)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Happy Birthday to me!!!


É oficial: já só me faltam 2 meros aninhos para os 30.
Que grande scheisse!
Bom, mas aqui fica a foto do brinde das gajas no Porto, à meia-noite. A um fim-de-semana em grande, em excelente companhia e a uma cidade belíssima. E a mim, obviamente.
Viva eu!
(A modéstia fica-me tão bem...)

sábado, 15 de novembro de 2008

«A Turma»

François bebe o café de um trago e dirige-se para a sala de aula. É o primeiro dia de aulas no Liceu Dolto, um estabelecimento de ensino multiétnico no 20º quarteirão de Paris. François e os colegas que com ele partilham a acanhada sala de professores do liceu dão indicações aos novatos e trocam informações sobre quem são os alunos mais e menos problemáticos das turmas que vão leccionar. Acabou-se o sossego, pensarão.
François é François Bégaudau, ex-professor, ex-futebolista, ex-rocker, jornalista, comentador televisivo e crítico de cinema, aqui convertido em actor para representar o seu próprio papel, ele que escreveu «Entre les Murs» há dois anos e fez estalar a polémica na nação francesa, com base na sua própria experiência enquanto professor de Francês.
«Entre le Murs» foi traduzido entre nós como «A Turma», mas poderia tê-lo sido literalmente como «Entre quatro paredes», porque é afinal sobre isso que se falará em seguida: as vidas de professores e alunos obrigados a permanecer juntos fechados entre quatro paredes durante várias horas por dia. É importante referir que todos os alunos e professores são-no de facto e nem sequer foram alterados os seus nomes verdadeiros. Igualmente os pais dos alunos são os seus pais verdadeiros. O casting foi feito num liceu real parisiense e dos 50 alunos que se inscreveram nas aulas de representação restaram os cerca de 25 que compõem a turma retratada.
Dar aulas a uma turma do 9º ano é, por si só, uma experiência suficientemente traumatizante (a idade do armário está aqui no seu auge, é altura de começar a definir gostos e personalidades, de optar entre a evidenciação e a anulação), agora imagine-se numa escola com dezenas de nacionalidades diferentes em permanente conflito. E é esta escolha entre evidenciação e anulação que nos faz identificar imediatamente com o filme de Laurent Cantet, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano. Talvez nas escolas secundárias por onde passámos o conflito racial não fosse tão evidente, pelo facto de as comunidades emigrantes em Portugal terem uma dimensão bastante reduzida se comparadas com a França, mas, cores de pele à parte, as "growing pains" adolescentes são comuns a todas as nacionalidades e não há como fugir-lhes.
François tenta captar a atenção dos alunos pondo-se no mesmo nível deles, escolhendo livros com que estes se identifiquem (neste caso, o »Diário de Anne Frank») e tentando interessá-los por conjugações verbais que, «nem a minha avó usa», afirma a dada altura uma das alunas.
E se, por um lado, isso é positivo porque há uma tentativa de aceitação mútua entre as partes há, por outro, o risco de essa suposta aceitabilidade se converter em confiança excessiva e resultar, como resulta, em comportamentos ofensivos face à figura de autoridade que François representa. A acusação de homossexualidade de que acaba por ser absurdamente alvo por parte de Souleymane, o mais problemático aluno desta turma é apenas mais um dos indícios de que a história deste aluno originário do Mali não pode acabar bem. Ao invés do confronto directo, o professor prefere o debate de ideias sobre a homossexualidade, mantendo o sangue-frio. Mas até o calmo, ponderado e iluminado professor tem o seu momento de fraqueza e, ao utilizar a palavra «pétasse» (galdéria) para se referir ao comportamento inaceitável da delegada e sub-delegadas desta turma, a desbocada Esmeralda (de origem magrebina) e Louise, numa reunião de atribuição de notas com os outros professores, incorre no erro que que sempre quis evitar. Ser professor é isto, é evitar as armadilhas, é ser pai durante algumas horas por dia, mas é também perder momentaneamente a paciência, tal como qualquer pai que, de cabeça quente, resolve dar uma palmada ao filho irrequieto. Souleymane salta (supostamente) em defesa das colegas, profere impropérios ao professor, é expulso da sala, atinge uma colega na cara com uma mochila, deixando-a a sangrar do sobrolho e vai a conselho diciplinar passados alguns dias.
No entanto, nem todos os alunos são desordeiros. Há Wei, o menino chinês muito falador que revela fortes capacidades e uma inteligência apenas abafadas pelo ainda imperfeito domínio da língua francesa. Afinal os seus próprios pais não falam uma única palavra de Francês. É comovente a cena em que todos os professores se juntam e reúnem dinheiro para evitar que a mãe de Wei seja deportada para a China por estar, como tantos outros emigrantes, ilegal em França.
Há também Thouba, a menina afro-francesa que no ano anterior era uma das melhores alunas de François, mas que, neste ano, resolve rebelar-se e deixar de lhe falar por entender que o professor «tem algo contra ela».
Nem a presença da vasta comunidade portuguesa em França é esquecida no filme, com um aluno a ostentar várias vezes durante as aulas a camisola da selecção nacional.
Mostra-se um professor com um ataque de nervos antes de ir dar aulas, convencido de que nada há a fazer porque os alunos não querem aprender, uma professora que acaba de descobrir que está grávida e festeja a boa-nova com os colegas, mostram-se as conversas entre professores, partilham-se experiências, o que torna este «A Turma» um filme mais realista do que «Mentes Perigosas», por exemplo, ou, pelo menos, um filme com que nos identificamos mais do que este clássico norte-americano interpretado por Michelle Pffeifer.
O filme termina com a já esperada decisão do conselho disciplinar de Souleymane, que comparece com a mãe (que não fala uma única palavra de Francês) e paira no ar a ameaça do pai do aluno o reenviar para o Mali, caso seja expulso do liceu.
O «Y» compara o filme de Cantet a um constante jogo de ténis entre professor e alunos, em que a bola é constantemente arremessada de um lado para o outro e é-o, na realidade. No entanto, na cena final joga-se não ténis mas uma partida de futebol entre todos os alunos e professores à mistura: não se percebe quem joga contra quem nem quem é que equipa, nem isso importa, sequer. Não há uma única palavra, apenas sorrisos e um momento de genuína diversão. Afinal ser professor também é isto, partilhar um sorriso cúmplice num bom momento.

«A Turma» está em exibição em Lisboa nos cinemas Londres, UCI no El Corte Inglés e nas Amoreiras.
O Livro, «Entre les Murs», da autoria de François Bégaudau, igualmente actor principal e autor do argumento está à venda na cadeia francesa do costume, tanto na versão portuguesa como francesa.

sábado, 8 de novembro de 2008

Peter Murphy@Coliseu dos Recreios, 01/11/2008
















E o que fazer no Dia de Todos os Santos? Ir ver Peter Murphy, pois então.
O ex-líder dos Bauhaus tomou de assalto o Coliseu em noite de finados para dar um dos concertos mais electrizantes que alguma vez vi. Os 51 anos de idade deste verdadeiro cavalheiro inglês carregam mais energia e garra que muitas bandas na casa dos vinte com a mania que são muito à frente.
Educadíssimo, muito comunicativo e profissional, Mr. Murphy deu um concerto de mais de duas horas, com direito a três encores e de uma entrega como há poucos. À parte dos «olás» e «obrigados» costumeiros, brindou-nos ainda com elogios ao belíssimo edifício que é o do Coliseu e às calorosas recepções de que é alvo no nosso país. Estava em casa, sentia-se no ar. E nós também.
O alinhamento incluiu "Marlene Dietrich's Favorite Poem", "A Strange Kind of Love", a inevitável "Cuts you Up", "All night long", "Deep Ocean Vast Sea", "Huuvola", clássicos dos Bauhaus, como "She's In Parties", "Bela Lugosi's Dead", "Black Stone Heart" e algumas versões de David Bowie, incluindo "Starman". Mas os verdadeiros momentos da noite, para mim, foram "I'll fall with your knife", de uma beleza devastadora, um dos melhores temas algumas vez gravados por Murphy, daquelas canções que ficariam a matar na banda-sonora de um casamento para pessoas que ainda se dão ao trabalho de fazer semelhante disparate e a versão mais do que inspirada de "Hurt" dos Nine Inch Nails, com coreografia a condizer, cantada no topo de uma cadeira de metal com degraus até ao tecto. "This is an English fado", disse após cantar "Hurt". E porque não?
Lamenta-se a não inclusão no alinhamento de "The Scarlett Thing in You", "Roll Call", "Hit Song" ou "Final Solution", mas numa carreira que já atravessa três décadas não era fácil seleccionar os temas a compor o alinhamento, suponho.
Ele correu, atirou-se ao chão, dançou, esvoaçou pelo palco sem parar durante todo o concerto, com um fulgor impensável e, importante reter, sem por isso dar origem a qualquer falha de voz. Impecável.
Pelo meio tivemos direito ao single de apresentação do próximo álbum a sair em breve: "Velocity Burns", percebi eu, não sei se bem. Quando questionado por um membro do público sobre o título do álbum que se encontra a gravar respondeu que não iria revelar para já. Está a gravá-lo a expensas próprias (influências de Trent Reznor?) e, até ver, fica tudo no segredo dos deuses. Pela música apresentada, se é que isso pode ser representativo do que quer que seja, parece ser um álbum com o pé no acelerador, passe o trocadilho óbvio. Good...
«Hei-de voltar», prometeu. E nós também.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

YES, HE COULD!



"Hello, Chicago.

If there is anyone out there who still doubts that America is a place where all things are possible, who still wonders if the dream of our founders is alive in our time, who still questions the power of our democracy, tonight is your answer.
It's the answer told by lines that stretched around schools and churches in numbers this nation has never seen, by people who waited three hours and four hours, many for the first time in their lives, because they believed that this time must be different, that their voices could be that difference.
It's the answer spoken by young and old, rich and poor, Democrat and Republican, black, white, Hispanic, Asian, Native American, gay, straight, disabled and not disabled. Americans who sent a message to the world that we have never been just a collection of individuals or a collection of red states and blue states.
We are, and always will be, the United States of America.
It's the answer that led those who've been told for so long by so many to be cynical and fearful and doubtful about what we can achieve to put their hands on the arc of history and bend it once more toward the hope of a better day.
It's been a long time coming, but tonight, because of what we did on this date in this election at this defining moment change has come to America.
A little bit earlier this evening, I received an extraordinarily gracious call from Sen. McCain.
Sen. McCain fought long and hard in this campaign. And he's fought even longer and harder for the country that he loves. He has endured sacrifices for America that most of us cannot begin to imagine. We are better off for the service rendered by this brave and selfless leader.
I congratulate him; I congratulate Gov. Palin for all that they've achieved. And I look forward to working with them to renew this nation's promise in the months ahead.
I want to thank my partner in this journey, a man who campaigned from his heart, and spoke for the men and women he grew up with on the streets of Scranton and rode with on the train home to Delaware, the vice president-elect of the United States, Joe Biden.
And I would not be standing here tonight without the unyielding support of my best friend for the last 16 years the rock of our family, the love of my life, the nation's next first lady Michelle Obama.
Sasha and Malia I love you both more than you can imagine. And you have earned the new puppy that's coming with us to the new White House.
And while she's no longer with us, I know my grandmother's watching, along with the family that made me who I am. I miss them tonight. I know that my debt to them is beyond measure.
To my sister Maya, my sister Alma, all my other brothers and sisters, thank you so much for all the support that you've given me. I am grateful to them.
And to my campaign manager, David Plouffe, the unsung hero of this campaign, who built the best -- the best political campaign, I think, in the history of the United States of America.
To my chief strategist David Axelrod who's been a partner with me every step of the way.
To the best campaign team ever assembled in the history of politics you made this happen, and I am forever grateful for what you've sacrificed to get it done.
But above all, I will never forget who this victory truly belongs to. It belongs to you. It belongs to you.
I was never the likeliest candidate for this office. We didn't start with much money or many endorsements. Our campaign was not hatched in the halls of Washington. It began in the backyards of Des Moines and the living rooms of Concord and the front porches of Charleston. It was built by working men and women who dug into what little savings they had to give $5 and $10 and $20 to the cause.
It grew strength from the young people who rejected the myth of their generation's apathy who left their homes and their families for jobs that offered little pay and less sleep.
It drew strength from the not-so-young people who braved the bitter cold and scorching heat to knock on doors of perfect strangers, and from the millions of Americans who volunteered and organized and proved that more than two centuries later a government of the people, by the people, and for the people has not perished from the Earth.
This is your victory.
And I know you didn't do this just to win an election. And I know you didn't do it for me.
You did it because you understand the enormity of the task that lies ahead. For even as we celebrate tonight, we know the challenges that tomorrow will bring are the greatest of our lifetime -- two wars, a planet in peril, the worst financial crisis in a century.
Even as we stand here tonight, we know there are brave Americans waking up in the deserts of Iraq and the mountains of Afghanistan to risk their lives for us.
There are mothers and fathers who will lie awake after the children fall asleep and wonder how they'll make the mortgage or pay their doctors' bills or save enough for their child's college education.
There's new energy to harness, new jobs to be created, new schools to build, and threats to meet, alliances to repair.
The road ahead will be long. Our climb will be steep. We may not get there in one year or even in one term. But, America, I have never been more hopeful than I am tonight that we will get there. I promise you, we as a people will get there.
There will be setbacks and false starts. There are many who won't agree with every decision or policy I make as president. And we know the government can't solve every problem.
But I will always be honest with you about the challenges we face. I will listen to you, especially when we disagree. And, above all, I will ask you to join in the work of remaking this nation, the only way it's been done in America for 221 years -- block by block, brick by brick, calloused hand by calloused hand.
What began 21 months ago in the depths of winter cannot end on this autumn night.
This victory alone is not the change we seek. It is only the chance for us to make that change. And that cannot happen if we go back to the way things were.
It can't happen without you, without a new spirit of service, a new spirit of sacrifice.
So let us summon a new spirit of patriotism, of responsibility, where each of us resolves to pitch in and work harder and look after not only ourselves but each other.
Let us remember that, if this financial crisis taught us anything, it's that we cannot have a thriving Wall Street while Main Street suffers.
In this country, we rise or fall as one nation, as one people. Let's resist the temptation to fall back on the same partisanship and pettiness and immaturity that has poisoned our politics for so long.
Let's remember that it was a man from this state who first carried the banner of the Republican Party to the White House, a party founded on the values of self-reliance and individual liberty and national unity.
Those are values that we all share. And while the Democratic Party has won a great victory tonight, we do so with a measure of humility and determination to heal the divides that have held back our progress.
As Lincoln said to a nation far more divided than ours, we are not enemies but friends. Though passion may have strained, it must not break our bonds of affection.
And to those Americans whose support I have yet to earn, I may not have won your vote tonight, but I hear your voices. I need your help. And I will be your president, too.
And to all those watching tonight from beyond our shores, from parliaments and palaces, to those who are huddled around radios in the forgotten corners of the world, our stories are singular, but our destiny is shared, and a new dawn of American leadership is at hand.
To those -- to those who would tear the world down: We will defeat you. To those who seek peace and security: We support you. And to all those who have wondered if America's beacon still burns as bright: Tonight we proved once more that the true strength of our nation comes not from the might of our arms or the scale of our wealth, but from the enduring power of our ideals: democracy, liberty, opportunity and unyielding hope.
That's the true genius of America: that America can change. Our union can be perfected. What we've already achieved gives us hope for what we can and must achieve tomorrow.
This election had many firsts and many stories that will be told for generations. But one that's on my mind tonight's about a woman who cast her ballot in Atlanta. She's a lot like the millions of others who stood in line to make their voice heard in this election except for one thing: Ann Nixon Cooper is 106 years old.
She was born just a generation past slavery; a time when there were no cars on the road or planes in the sky; when someone like her couldn't vote for two reasons -- because she was a woman and because of the color of her skin.
And tonight, I think about all that she's seen throughout her century in America -- the heartache and the hope; the struggle and the progress; the times we were told that we can't, and the people who pressed on with that American creed: Yes we can.
At a time when women's voices were silenced and their hopes dismissed, she lived to see them stand up and speak out and reach for the ballot. Yes we can.
When there was despair in the dust bowl and depression across the land, she saw a nation conquer fear itself with a New Deal, new jobs, a new sense of common purpose. Yes we can.
When the bombs fell on our harbor and tyranny threatened the world, she was there to witness a generation rise to greatness and a democracy was saved. Yes we can.
She was there for the buses in Montgomery, the hoses in Birmingham, a bridge in Selma, and a preacher from Atlanta who told a people that "We Shall Overcome." Yes we can.
A man touched down on the moon, a wall came down in Berlin, a world was connected by our own science and imagination.
And this year, in this election, she touched her finger to a screen, and cast her vote, because after 106 years in America, through the best of times and the darkest of hours, she knows how America can change.
Yes we can.
America, we have come so far. We have seen so much. But there is so much more to do. So tonight, let us ask ourselves -- if our children should live to see the next century; if my daughters should be so lucky to live as long as Ann Nixon Cooper, what change will they see? What progress will we have made?
This is our chance to answer that call. This is our moment.
This is our time, to put our people back to work and open doors of opportunity for our kids; to restore prosperity and promote the cause of peace; to reclaim the American dream and reaffirm that fundamental truth, that, out of many, we are one; that while we breathe, we hope. And where we are met with cynicism and doubts and those who tell us that we can't, we will respond with that timeless creed that sums up the spirit of a people: Yes, we can.
Thank you. God bless you. And may God bless the United States of America."

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Metro Photo Challenge 2008 : Muitos Parabéns, Miss I Am Free...!!!




Encerrou no passado dia 28 de Outubro o Metro Photo Challenge dedicado ao tema «Selva Urbana». Dos milhares de imagens a concurso, foram escolhidas cem e nessa centena de finalistas incluem-se duas fantásticas fotografias da autoria da Miss I Am Free Because I Belong Nowhere, tiradas em duas das nossas viagens deste ano: Berlim e Barcelona (que é também o título das fotos a concurso).
E são elas as que aqui apresento neste post que é dedicado inteirinho a fazer propaganda à brilhante prestação da supra-citada menina. Façam favor de ir votar. É só fazer clique aqui:
O prémio é uma viagem para duas pessoas a Nova Iorque e €1300.
Viel glück, Miss I Am Free! Aqui o Into the Hollow está contigo!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Weltliteratur @ Fundação Calouste Gulbenkian


A Fundação Calouste Gulbenkian tem patente desde dia 30 de Setembro e até 4 de Janeiro de 2009 a exposição "Weltliteratur - Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o Mundo!". Nela podemos encontrar textos, fotografias, documentos, quadros e vídeos (um deles de Manoel de Oliveira), sendo que estão todos interligados. O domínio pertence a Fernando Pessoa e a Luís de Camões, mas por lá passam textos de Mário de Sá-Carneiro, Teixeira de Pascoaes, Jorge de Sena (num texto deveras depreciativo sobre Camões, transformando-o no anti-herói luso, que chega a ser escatológico nos termos que utiliza), Vitorino Nemésio, Camilo Pessanha, Almada Negreiros ou Charles Baudelaire. O único quadro sobrevivente de Santa Rita Pintor (o artista ordenou que toda a sua obra fosse destruída antes de se suicidar), «A Cabeça» está também exposto na galeria de exposições temporárias da Gulbenkian, local escolhido para albergar a exposição, comissariada pelo Professor António M. Feijó, catedrático da minha Faculdade de Letras, mas de quem não fui aluna.
Diferente do habitual por ser uma exposição para ser também lida e não só vista, tornou-se ainda mais interessante porque, por um feliz acaso, tinha acabado de se iniciar uma visita guiada, o que ajudou a compreender melhor as relações entre textos, fotografias, quadros e vídeos, que, à primeira vista poderiam passar se não despercebidas, não seriam, pelo menos tão óbvias. Ainda por cima era domingo e foi totalmente grátis. Só vantagens, como se vê.
No próximo dia 22 de Novembro estará presente na Gulbenkian e a propósito desta exposição o Prémio Nobel da Literatura, V. S. Naipaul para uma conferência sobre a «literatura do mundo» (a tal «Weltliteratur», expressão de Goethe).
Se puderem e a temática vos interessar, não deixem passar a oportunidade. Foram duas horas muito bem passadas.

sábado, 1 de novembro de 2008

DocLisboa 2008


Terminou no passado fim-de-semana o DocLisboa, recheadinho quem nem um ovo de bons filmes. Infelizmente o tempo é pouco e os horários não permitiram mais do que ver dois documentários, nem tão pouco ir assistir à estreia de «A Turma», de longe o filme de maior sucesso que por lá passou. A longa-metragem do francês Laurent Cantet («Entre Les Murs», no original), venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, é candidata ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e estreou esta semana nas salas portuguesas. A ver muito em breve, portanto. Amanhã, se possível.
Na impossibilidade de assistir a este (raios partam o trabalho e a vida própria, como diria alguém), virei antenas para a Culturgest e para «El Sastre» («O Alfaiate») de Óscar Perez e "All White in Barking" de Marc Isaacs. Ambos os realizadores estavam na sala e fizeram um pequeno discurso introdutório, sendo que havia debate a seguir à visualização dos filmes.
«El Sastre» é passado no bairro do Raval, na parte chunga de Barcelona (até uma cidade linda como a capital catalã tem zonas feias) e conta a história de um alfaiate paquistanês, Mohamed, um aldrabão explorador com pouco jeito para o ofício e ainda menos vontade de trabalhar e o seu escravo, Singh, um indiano explorado até ao tutano pelo patrão, que faz o trabalho todo e mal recebe por isso (ou não recebe de todo). O confronto entre os clientes invariavelmente enganados por Mohamed e este são de ir às lágrimas de tão divertidos e surreais que são.
Em seguida, "All White in Barking", que fica a dever o nome a um bairro na periferia londrina, habitado maioritariamente por imigrantes hoje em dia. O documentário, com produção da BBC, conta a história do bairro e dos seus habitantes, entrecruzando histórias cujo ponto em comum é a xenofobia, claro está.
Susan e Jeff, um casal na terceira idade vive lado a lado com imigrantes de leste e um casal de nigerianos. Não gostam dos cheiros da comida africana, acham tudo estranho e demasiado diferente, não convivem com «eles», preferiam viver «entre brancos», mas não abandonam o bairro onde nasceram e sempre viveram até porque o filho de ambos está enterrado no cemitério do bairro, vítima demasiado jovem de um cancro fulminante que o levou, deixando uma neta ao casal. No entanto, no dia em que são convidados por Dickson e a sua mulher, o tal casal nigeriano, para irem jantar lá a casa limpam os pratos e ainda pedem por mais. Afinal parece que «os outros» até são pessoas extramente acolhedoras, boas anfitriãs e respeitadoras da cultura britânica e da rainha. Trabalham, pagam impostos, são muito gratos ao governo inglês por os terem recebido e não estão a usurpar nada que não lhes pertença. E assim se destrói um preconceito (ou quase).
Depois temos Dave, um velho inglês apoiante da extrema-direita, do Partido Nacionalista Britânico, cujo ódio aos imigrantes se estranha quando vemos que uma das filhas deste se casou com um africano e tem um filho mulato, que Dave acarinha como sendo branco mas avisa que irá sofrer na escola quando crescer por causa da cor da pele e a outra filha namora com um descendente de africanos, mulato também, portanto, mas que Dave nunca notara que tinha traços «diferentes». Daltonismo, talvez? É surreal vê-lo entregar propaganda de extrema-direita ao namorado da filha, mas ainda mais surreal é este aceitá-la como normal e não se insurgir contra este acto. Dave vai mudar-se do bairro de Barking para uma zona costeira, onde não há ainda qualquer vestígio de emigração. A última pergunta que o realizador lhe faz é o que faria se algum dia também o «paraíso branco à beira-mar» onde escolheu passar o resto da velhice for ocupado por emigrantes. «Atiro-me ao mar.», é a resposta.
Monty é um emigrante polaco, judeu, sobrevivente do Holocausto, com passagem por quatro campos de concentração, que ainda hoje conserva a tatuagem no punho com o número de prisioneiro atribuído pelos nazis. Recém-viúvo, vive com Betty, uma africana a quem não chama de namorada mas enfermeira. Betty é casada e tem filhos que teve de deixar em África em busca de uma vida melhor em Londres e trata, de facto, de Monty como ninguém, mas não é uma mera enfermeira. É muito mais do que isso. «Sem ela estaria perdido», repete Monty várias vezes. Nesse ano resolve levar Betty ao jantar de sobreviventes de Auschwitz e é vítima de olhares desaprovadores de alguns e de elogios de outros. A cunhada de Monty não suporta Betty pela cor da pele desta, alguns amigos judeus de Monty também não aprovam a «enfermeira», enquanto que outros a vêem como a bela mulher que é. Fica na retina e no ouvido a resposta de um dos convivas quando questionado sobre o acto do amigo, de ter levado Betty a jantar com eles: «Se as pessoas têm problemas com isso então é problema delas e não do Monty. Não nos podemos esquecer que somos judeus e sofremos na pele a discriminação racial, por isso que sentido faz estarmos agora a fazer isso aos outros?» Haja alguém de bom senso no meio de tudo isto.
O clip do filme está na página da BBC, se quiserem ficar com um cheirinho sobre o que se fala, bem como uma entrevista ao realizador em:
Boas visualizações!

A treta fica-lhes tão bem

Zezé e Toni estão de volta. O Casino de Lisboa que se cuide!
Desempenhados há onze anos pelos actores António Feio e José Pedro Gomes, estes chicos-espertos da treta continuam levando a sua vidinha, pontapeando a língua portuguesa sem dó nem piedade, numa sequência ininterrupta de quase duas horas de disparates, em que até há lugar a momentos musicais interpretados pelos próprios actores (de salientar que António Feio se safa muitíssimo bem na guitarra).
Um multibanco sem vontade de cuspir euros (qual é mesmo o raio do código?) dá o mote para um diálogo em que não são poupados Cristiano «Donaldo» e a sua ex (?) Nereida, «Fernandes Pessoa», »Floribella Estranca», a ASAE, as operações plásticas, o "bullying" nas escolas (provocado pelos filhos de Zézé... aos professores!), as vidas a crédito sem ele («Oh Marta, procure lá bem no fundo!»), a EMEL e até um antigo sucesso de Paulo Gonzo, pervertido por estes dois machos latinos com um acentuado déficit de neurónios:

«Dei-te quatro escudos
E quatro escudos foi demais
Dei-te quatro escudos,
Passa a ganza aos teus pais.»

É o maior espectáculo à face «da crosta do planeta terráqueo». E se não for, vão vê-lo na mesma.
Muito recomendável.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Happy Halloween!

Acabadinha de chegar de uma festa de Halloween no Santiago Alquimista, a «Eles Vivem!», com várias vodkas pretas em cima, mas deveras sóbria, cá fica então a minha mensagem de Halloween um bocadito para o atrasado. Azar, são 5:20 da manhã e não me sai grande coisa, por isso deixo-vos com a canção mais "halloweeny" que conheço, "Burn the Witch", dos meus Queens of the Stone Age, ainda que aqui sem a participação nos coros de Billy Gibbons, esse mesmo, dos ZZ Top, que nem precisa de se mascarar para entrar no espírito da coisa. O vídeo original é bem giro e o senhor aparece no dito, mas o You Tube não o disponibiliza, o malandro, e já é estupidamente tarde para me chatear com o assunto.
Por isso, muitos "trick or treat" para vocês também.

sábado, 25 de outubro de 2008

The White Stripes - Dead Leaves And The Dirty Ground

Esta já é antiguita, de 2001, mas, para além de ser uma grande malha tem a realização de Michel Gondry, que nos deu o brilhante "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", um dos melhores filmes que alguma vez vi.
Foi com esta que os «manos» White abriram o concerto no Alive 2007, a marcar a estreia (e que estreia!) em palcos portugueses. Melhor início era impossível, agora é esperar que o repitam em breve.
E um bom fim-de-semana a todos, by the way... :-)

domingo, 19 de outubro de 2008

May you rest in peace, forever...

Há dias assim, em que as más notícias nos chegam de sopetão e em que pouco podemos fazer para dar conforto, porque a distância de centenas de km não o permite ou porque, pura e simplesmente, ainda que essa distância não existisse, a impotência nos ultrapassa.
É verdade, R., esta é para ti. À falta de melhor homenagem, ficam as palavras de outros com bastante mais poder de expressão do que eu.
Beijo grande da amiga Battle Axe.

"And if the snow buries my...
My neighborhood

And if my parents are crying,
Then I'll dig a tunnel from my window to yours
Yeah, a tunnel from my window to yours

You climb out the chinmey
And meet me in the middle
The middle of the town
And since there's no one else around,
We let our hair grow long and forget all we used to know
Then our skin gets thicker from living out in the cold

You change all the lead sleeping in my head
As the day grows dim, I hear you sing a golden hymn...

Then, we tried to name our babies
But we forgot all the names that,
The names we used to know
But sometimes,
We remember our bedrooms and our parent's bedrooms and the bedrooms of our friends
Then we think of our parents...
Well, whatever happened to them?!

You change all the lead sleeping in my head to gold
As the day grows dim, I hear you sing a golden hymn
It's the song I've been trying to sing...

Purify the colors, purify my mind
Purify the colors, purify my mind
And spread the ashes of the colors over this heart of mine!"

sábado, 18 de outubro de 2008

Porcupine Tree @ Incrível Almadense, 7 de Outubro 2008








Já vem um bocadinho ao retardador, mas não estava esquecido, pois com certeza que não, o concerto dos britânicos Porcupine Tree no passado dia 7, na Tour of a Blank Planet, cuja pedra-base é o registo homónimo do ano passado. A banda resolveu dar algum trabalho aos fãs, como se esperar por um concerto deles há já alguns anos não fosse tormento suficiente e fez-nos ir parar à Margem Sul, mais concretamente a Almada, transformada num verdadeiro estaleiro devido às obras do célebre metro de superfície a inaugurar, decerto, em plena época de eleições legislativas como convém e cuja utilidade, até ao momento, se desconhece. «Táxis» também parece ser conceito desconhecido na zona, tal não foi a longa espera pelo único veículo (!) que se dignou a funcionar nessa noite. Agora percebe-se o sentido das palavras de Mário Lino há cerca de um ano atrás de que «A Margem Sul é um deserto». Deserto não será, mas assemelha-se perigosamente a uma cidade-fantasma. Em vez de se apontar o dedo às infra-estruturas que faltam, numa região que cresce a olhos vistos, mercê da galopante crise financeira mundial que obriga muitas famílias a fugir de Lisboa e a encontrar refúgio habitacional na outra margem e, assim, a escudar-se, ainda que a título provisório, das imparáveis taxas de juros que dão origem ao já mais que célebre chavão, «sobra demasiado mês para o ordenado que se ganha», o governo parece preferir esconder a poeira sob o tapete e apelidar de «deserto» uma cidade em que deveria investir e dotar de estruturas capazes. Perdoem-me os cerca de dois ou três leitores que se dão ao trabalho de consultar este meu cantinho blogueiro o início atípico de um artigo que se quer sobre música e não de considerações políticas, que isto é um blog sobre treta e é assim que deve ser mantido. Adiante então.
A abertura é feita pelos Pure Reason Revolution, banda que desconhecia por completo e também não fiquei com uma vontade por aí além de conhecer. Sonzinho chato, com uns teclados a lembrar ocasionalmente os divinos Nine Inch Nails, o que prejudica mais do que ajuda, «penso eu de que».
Sem saudações ou sequer qualquer tipo de apresentação inicial, dá-se início ao concerto da noite ao som de "Wedding Nails". Os 41 anos de Steven Wilson não lhe pesam e o aspecto de "nerd" adolescente (é favor conferir as fotos) fazem-no aparentar metade da idade que tem. A noite era, nas palavras de Wilson, para tocar temas menos conhecidos pelos fãs, pelo menos os mais recentes e privilegiar muitos temas iniciais. «Quantos de vocês têm o "Signify"?» pergunta o vocalista a dada altura. Muitos dedos no ar, talvez demasiados, dado o relativo estatuto de banda de culto dos Porcupine Tree em Portugal. «A sério?», pergunta. Vá-se lá saber. Os sites de torrents estão aí é para isso, certo? Quem não tem o CD físico passa a tê-lo de outra forma, amigo: habitua-te.
O som que saía das colunas era surpreendemente límpido e não faria adivinhar que se estava num modesto salão de baile almadense, sala deveras inadequada para uma banda da dimensão dos Porcupine Tree. Exigiam-se condições mais consentâneas com o estatuto da banda e o facto de a sala estar cheia é disso prova. Um Coliseu dos Recreios, por exemplo, seria o ideal. Não percebi a opção pelo Incrível Almadense. Falta de dinheiro da promotora?
Regresso a "In Absentia", com "Blackest Eyes" e, de seguida, um portento de quase 18 minutos chamado "Anesthetize", de "Fear of a Blank Planet", uma das melhores canções de sempre dos Porcupine, que, apesar da longuíssima duração, passa a voar. Volta-se a um passado recente, 2005, a "Open Car" de "Deadwing", outra das «mais» da banda. Segue-se-lhe "Dark matter", a pôr à prova o tal conhecimento de "Signify" por parte do público presente e novo regresso a "In Absentia", via "Drown with me".
Nas filas iniciais junto ao palco, onde me encontro, os seguranças empunham laternas, prontos a registar e dissuadir quem se atrevesse a tirar fotografias à banda. Como se pode ver, não cumpri.
Recuamos 13 anos para ouvir a calmaria de "Stars die" para, em seguida, avançar novamente até 2002, ao som de "Strip the Soul". "Half Light", um lado B da edição em vinil de "Deadwing", igualmente incluída no DVD do mesmo, é o tema que se segue. "Way out of here" e "Sleep together" que terminam "Fear of a Blank Planet" finalizam o alinhamento da noite. O breve encore, e utilizo o termo «breve» pois incluiu apenas dois temas (se há coisa que as canções do grupo não são é breves): "Sleep of no dreaming" e o brilhante "Halo".
Sucedem-se os «obrigados» e «voltaremos em breve» da praxe. Pois muito bem, mas desta vez noutra sala, se fizerem favor.