terça-feira, 24 de agosto de 2010

"And the drums, and the drums, and the drums, and the drums..."

A pouco mais de 24 horas de levantar voo rumo à cidade-luz, que, afinal, diz que nem tem assim tanta luz quanto isso (não sem antes fazer uma pit stop de cerca de 3 horas em Londres, no aeroporto de Heathrow)...

Resta-me deixar aqui estes pensamentos:







E muitos outros se lhes poderiam juntar, mas, por razões de economia de espaço, limito-me a isto:


À bientôt, mes amis! Gros bisous!
LET THERE BE ROCK!!!

domingo, 8 de agosto de 2010

Countdown...

Dentro de exactamente 2 meses estarei aqui:


A ver isto:


Feel Good Inc!!! (É que o que se me oferece dizer.)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Arcade Fire – “The Suburbs” (ou A Montanha que esteve para parir um rato)


Três anos após o lançamento de “Neon Bible” os canadianos Arcade Fire editam “The Suburbs”, um álbum inspirado nos subúrbios... norte-americanos.
Diz Win Butler que a ideia para o álbum lhe surgiu quando recebeu no correio uma fotografia de um amigo de infância, com a filha às cavalitas, num qualquer subúrbio norte-americano. Tanto Win como o irmão, Will, viveram até aos 15 anos num desses mesmíssimos subúrbios (em Woodlands, no Texas) antes de emigrarem para o Québec. Talvez por isso, o single de apresentação e primeira música do álbum, “The Suburbs” contenha na letra as palavras “I want a daughter while I’m still young”. Estranha-se a letra, estranha-se a pessoalidade e a clareza da mensagem, mas, ainda assim, aceita-se bastante bem, porque se há canção do álbum que poderia ser single é, de facto, esta. Não que o resto do CD seja esquecível ou de somenos importância, mas dos Arcade Fire nunca se espera menos do que muito.
Para quem já não gostou de “Neon Bible” (o que não é o meu caso), estas não são boas notícias. Muito provavelmente não pularão de contentamento ao ouvir “The Suburbs”, pois falta a este novo conjunto de canções a pungência e a frescura (sem ironias mórbidas de qualquer espécie) de “Funeral”.
Ao passo que “Funeral” era um álbum de canções dolorosamente belas, um murro num estômago vazio, uma espécie de grito de esperança para os órfãos do rock em busca de novos Messias, este “The Suburbs” é, e passe a redundância já implícita no próprio título, mais acomodado, mais - palavrão dos palavrões - «acessível».
Falta a este novo álbum a chama presente no próprio nome da banda, canções que marquem a sua individualidade: em suma, hinos, como o foram “Wake Up”, “Power Out”, “Rebellion (Lies)”, “Tunnels”, “Black Mirror”, “No Cars Go” ou “My Body is a Cage” (utilizado no trailer do belíssimo “O Estranho Caso de Benjamin Button”, de David Fincher).
Em “The Suburbs”, poucos temas se atreverão a tal epíteto, mas “Ready to Start” anda lá perto: é saltitante q.b. e é o sucessor natural de “No Cars Go”. “Modern Man”, por seu lado, já faz parte daqueles temas mais modorrentos que se ouvem com o foco de interesse semi-desligado e passam sem fazer mossa por aí além. “Rococo” volta a roçar a classificação de hino: é Arcade Fire em estado puro. Seguem-se “Empty Room”, o bonito “City with no Children”, ”Half Light I”, “Half Light II (No Celebration)” e “Suburban War”, para acalmar os ânimos. “Month of May”, canção a resvalar para o punk, é outro dos temas já disponibilizados para audição há semanas, antes da edição do CD, juntamente com “The Suburbs” mas que, ao contrário deste último, não entusiasma grandemente. Aliás, a segunda parte do álbum acaba por ser a menos conseguida, com “Wasted Hours”, “Deep Blue”, “We Used to Wait” e “Sprawl (Flatland)” a passarem quase despercebidos, até que surge um dos temas porventura mais estranhos, mas mais estupidamente alegres que por aqui se ouvem: “Sprawl II (Mountains beyond Mountains”), com as vocalizações de Régine Chassagne e o som dos sintetizadores a transformarem o tema num gigantesco salão de discoteca dos anos 80, em que só nos falta imaginar a bola de espelhos pendurada no tecto. Para bater o pé, num festival perto de si. E o Rock en Seine aqui tão perto...
Para terminar, uma reprise de “The Suburbs (Continued)”, que mais não é do que meia dúzia de segundos do single de apresentação, versão violino, com uma batida ambiental por trás.

Resumindo: os Arcade Fire poderiam ter feito um grande álbum, tivesse “The Suburbs” 10 ou 11 temas em vez dos 16 que o compõem. Assim sendo, fica-se por uma inesperada mediania, com demasiadas canções a ficar abaixo das expectativas e, por conseguinte, a baixar o rating da banda.
Não quero com isto dizer que os Arcade Fire só têm capacidade de produzir boa música quando estão na fossa, como foi o caso do contexto de composição de “Funeral”, mas é inegável que “The Suburbs” acaba por ficar uns bons furos abaixo de qualquer um dos outros dois álbuns por eles gravados. A montanha acabou por não parir um rato, e seria injusto dizê-lo, mas andou perigosamente lá perto.