sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Fui ali e já venho...


Eu vou, eu vou, a caminho destas duas belíssimas capitais eu vou...

Tschüss, pessoal! Beijinhos e abraços aqui da vossa Battle Axe! Vemo-nos dia 30/09!
Portem-se e não façam nada que eu não fizesse... Seja lá o que isso for!
Na shledanou!

sábado, 13 de setembro de 2008

Portugal no seu pior

«Várias buscas foram desencandeadas [...] e foram apreendidos esfacientes».
(Agente policial falando aos jornalistas sobre as várias operações stop ocorridas durante esta madrugada, em que foram apreendidas armas, estupefacientes e sabe-se lá o que mais, in Telejornal, RTP1).

Sem comentários por parte desta vossa blogueira. A Edite Estrela deve estar aos pulos de raiva algures na sua mansão sintrense.

Metallica - "Death Magnetic"

Saiu ontem o muito aguardado e adiado "Death Magnetic", dos Metallica. Após duas digressões que passaram por Lisboa (na edição do Super Bock Super Rock de 2007 e no Rock in Rio deste ano) sem que houvesse álbum novo para apresentar, chega-nos o regresso à boa forma dos californianos vulgarmente (re)conhecidos como a maior banda de metal do mundo.
As expectativas não podiam deixar de ser elevadas ou não fosse o anterior St. Anger, de 2003, um álbum relativamente fraco, assaz criticado pelos fãs de velha guarda da banda, os mesmos que os acusaram de se terem vendido ao mainstream aquando do lançamento de "Load" e Reload" e dos cortes de cabelo e uso de maquilhagem a eles associados (oh, sim, Kirk Hammet, o lápis preto nos olhos não nos passou despercebido!).
Nota-se em "Death Magnetic" uma vontade de regresso ao passado, aos anos 80 e princípio de 90, porventura a época dourada e a mais amada pelos «Mettalicos» mundo fora.
O trio de ataque do álbum é, curiosamente (na minha opinião) constituído pelas primeiras três músicas do alinhamento. O pulsar cardíaco que dá início a "That was just your life", uma das minhas preferidas até agora (só comecei a ouvir o CD ontem, no dia de lançamento, por isso como devem calcular ainda não está devidamente entranhado, apesar de hoje o ter ouvido várias vezes) desenrola depois numa grande malha. Uma malha à la Metallica, tal como o são "The End of the Line" ("Drop the hourglass of time/ Spinning sand we will not find/ As we gather here today/ We bid farewell/ The slave becomes the master/ The slave becomes the master The slave becomes the master/ The slave becomes the master"), com alguns ecos óbvios a "Master of Puppets" e "Broken, Beat & Scarred", com muitas variações de ritmo e uma guitarrada que se nos cola aos ouvidos, assim como o refrão, que nos leva inevitavelmente a berrar a plenos pulmões (eu faço-o, pelo menos): "SHOW YOUR SCARS! Breaking your life, broken beat & scarred. WE DIE HARD!". Segue-se o single de apresentação e slow da ordem, "The day that never comes", a soar à fase "Black Album"/"Metallica" de 1991, de longe o maior sucesso que a banda alguma vez teve e que, na qualidade de tema de apresentação, segue a onda de todos os singles de apresentação das bandas que ouvimos: nunca é o melhor tema do álbum, sendo que a nossa preferida é invariavelmente outra música que acaba sempre por nem se tornar em posterior single. "All nightmare long", um portento com laivos de trash cuja duração se aproxima dos 8 minutos é a estocada que se segue, logo antes de "Cyanide". E assim chegamos a "Unforgiven III" e ao seu pianinho inicial. O.k., amigos, já percebemos que os Metallica querem esquecer e enterrar bem fundo a fase "Load"+"Reload" e voltar aos bons velhos tempos de "Black Album"/"Metallica" (escolham a designação, que não é consensual), mas também não havia necessidade de repescar uma canção que já não é boa de origem (confesso, não sou fã do "The Unforgiven" original e a sobreexposição da dita convenhamos que não ajuda), voltar a pegar nela em "Reload" para fazer um "The Unforgiven II" fraquíssimo e, 17 anos volvidos do original, fazer ainda uma terceira tentativa. Já chega, não? Não havia necessidade. Se não resulta da primeira vez dificilmente resultará fazendo uma trilogia, digo eu... But that's just me!
"The Judas Kiss", "Suicide & Redemption", com um Robert Trujillo em grande, a exibir uma linha de baixo fenomenal, ele que, desta feita, até teve direito a fazer parte da lista de compositores do álbum, geralmente dominada por James Hetfield e Lars Ullrich, e que bom é ver isso. Já não era sem tempo de o ex-Suicidal Tendencies deixar de ser visto como um mero tarefeiro dos Metallica e passar a ser reconhecido como um membro da banda de pleno direito. Ainda assim, não é dos temas mais fortes de "Death Magnetic" e os 10 minutos que dura também não o favorecem por aí além. Acaba por cansar.
Para terminar, "My Apocalypse", tema rápido, muito rápido, cujo final abrupto nos deixa em suspenso. E agora? 2009 em que festival? Já agora queria vê-los pela quarta vez.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

The Gutter Twins@Santiago Alquimista, 8 de Setembro





Existirá o conceito «super bandas de culto»? Se não existe, cunho-o já. Não encontro outra definição para os «gémeos» Gutter, cujas partes visíveis são, needless to say, Greg Dulli, ex-Afghan Wigs e o enorme Mark Lanegan, ex-Screaming Trees, vocalista bastas vezes convidado dos não menos enormes Queens of the Stone Age, autor de muito recomendáveis álbuns a solo, com colaborações tão ilustres como, lá está, Josh Homme ou P.J. Harvey, entre outros (não esquecendo, obviamente, Isobel Campbell). Escrever sobre Lanegan sem o associar aos QOTSA é tarefa impossível e, escusado será referir que, sem a dita banda, os Gutter Twins não teriam a visibilidade que acabaram por alcançar, com apenas um álbum lançado. Talvez por isso mesmo nos tenham trocado em Abril por uma aparição no programa de Jools Holland. Exigia-se redenção. Ei-la.
Temia que o reduzido espaço do Santiago Alquimista fosse demasiado pequeno para tão aguardados visitantes, mas enganei-me. Estava cheio, sim, mas não irrespirável e, tendo isso em conta, dificilmente teriam enchido uma sala maior, como uma Aula Magna ou um Coliseu dos Recreios e é pena. Esperava mais destaque ao concerto, mais público, uma mudança de local por lotação esgotada da sala e... nada. Espantoso. Nem a Blitz se dignou a comentar o concerto a que eu e mais algumas centenas de almas embevecidas e, decididamente, afortunadas assistimos na passada segunda-feira, o que não deixa de constituir um baque para mim. Não esperava tal desprezo. Mas adiante. Para compensar o que é, na minha opinião, uma lacuna, segue o meu relato pessoal, para quem o quiser ler.
Largos minutos antes de a banda entrar em palco, já o público batia palmas e assobiava exigindo a presença dos músicos em palco. Parecia mentira que a poucos centímetros de nós, os que estávamos na primeiríssima fila, e mercê de um palco com não muito mais do que um palmo de altura, estaríamos face a face com uma das vozes mais marcantes que o rock dos anos 90 nos ofereceu e ainda não roubou, à semelhança da maldição grunge que acabaria por ceifar Kurt Cobain e Layne Staley: Mark Lanegan.
"O Mama, ain't no time to fall to pieces. He has arrived...", canta o senhor de preto, de olhos semicerrados (Lanegan, quem mais?). Ámen. Nada mais verdadeiro, pensei na altura. Dava-se assim início ao concerto, com "The Stations", que também encabeça "Saturnalia". Segue-se "God's Children", "Bonnie Brae", dos Twilight Singers, a banda que o outro senhor igualmente de preto, mas ligeiramente mais anafado, Greg Dulli formou ainda nos tempos dos Afghan Wigs e com os quais Lanegan também viria a colaborar. Continua-se ao som do tema mais rockeiro do álbum, o single de apresentação, "Idle Hands" e "Seven Stories Underground". Os anos 90 surgem depois à cena, com um regresso a "Change has come", dos Screaming Trees, que não poderiam ficar de fora, quanto mais não fosse por uma questão de justiça. Não convém esquecer que se os Afghan Wigs deram cartas na década passada, também os Screaming Trees o fizeram, ainda que sempre abafados por uns mais notórios Soundgarden, Alice in Chains ou Stone Temple Pilots, já para não referir os óbvios Nirvana e Pearl Jam.
Tocaram-se muitas versões, nomeadamente "Hard Time Killing Floor", de um tal Chris Thomas King (confesso a minha ignorância, desconhecia o senhor, apesar da inclusão do referido tema na BSO de "O Brother where art thou?, dos irmãos Cohen). Volta-se a "Saturnalia" com uma das minhas preferidas: "Bête Noire" ("I come unhinged, how hard I can't recall. I climb and I stumble and I crawl. Wings are singed, like Icarus to fall. What's left is a shadow of it all"). Longo suspiro. Já não há muitos a escrever letras assim.
Novas versões, "Down the line", de José González e "St. James Infirmary", tema folk norte-americano de origem desconhecida, ambas incluídas no recém-lançado EP "Adorata", cuja parte substancial de verbas vai direitinha para o fundo da teclista Natasha Shneider, membro dos Eleven e também ela colaboradora dos Queens of the Stone Age (quem não se lembra dela e dos seus longos cabelos negros e vincado sotaque russo no DVD de promoção a "Lullabyes to Paralyze", "Over the Years and through the Woods"?), recentemente falecida vítima de cancro. Em seguida, mais um tema deste EP, mas desta feita um original dos Gutter Twins, "Spanish Doors".
Volta-se a "Saturnalia", mais concretamente a "Each to each" e "Front Street", com Dulli, o verdadeiro entertainer a passear-se de guitarra em riste pela primeira fila do público, bem disposto, a fazer a festa sozinho, enquanto um mais soturno Mark Lanegan permanecia quase imóvel, de olhos invariavelmente fechados. Uma espectadora oferece um livro de Fernando Pessoa a Lanegan, que, espantado com o presente, o observa e coloca em cima do órgão.
«Adiós Lisboa!», gritava Dulli, mas nem a pronúncia espanholada se adequava nem o final do concerto era ali. Havia que deixar o povo salivar durante uns minutos e assim foi. O encore arranca ao som de mais um tema dos Twilight Singers, "Papillon", seguido por "Hit the City", do excelente "Bubblegum" da Mark Lanegan Band, ainda que sem P.J. Harvey. Para o final, "King only" (Twilight Singers mais uma vez), "Methamphetamine Blues", o melhor tema de "Bubblegum", ainda que aqui sem a preciosa colaboração de Josh Homme, que se lamenta. "Rolling just to keep on rolling. I don't want to leave this heaven so soon", cantava-se a uma só voz no Alquimista. Nem nós! O dia seguinte era de trabalho e acordar bem cedo, mas quem queria arredar pé?
A terminar, mais uma versão dos Twilight Singers, "Number Nine". Os músicos que acompanharam os Twins nesta digressão vinham tanto de vários estados dos EUA como da Nova Zelândia. De destacar a performance do baterista. Soberbo, de facto. Um puto novo mas cheio de futuro, sem dúvidas de qualquer espécie. Dulli apresentou-os um a um, dizendo de onde vinham. "And this is Mark Lanegan", não era preciso dizer mais nada pois a sala quase veio abaixo tal não foi a ruidosa salva de palmas.
Hora da despedida, desta vez a valer. Lanegan agarra no livro oferecido e desaparece rapidamente para trás da cortina. Os outros fazem as honras, agradecem ao público e recebem a ovação esperada.
E assim terminou a digressão a "Saturnalia". Até breve, numa sala maior, assim o espero.