quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Tori Amos @ Alte Oper, Frankfurt, 26/10/2011


Desde os meus 13 aninhos de idade que queria ver Tori Amos ao vivo. Isto significa que foram 17 longos anos de espera: tempo demais para que as expectativas não fossem elevadas.
Confesso que tenho bastante aversão a ver concertos em lugares sentados: até hoje só o tinha feito para ver P. J. Harvey e John Parish na Casa da Música, em 2009, porque a configuração da sala não permitia outra coisa. O mesmo se aplicou a Miss Amos, uma vez que, ao escolher o belíssimo edifício da ópera antiga, em Frankfurt, para o concerto da digressão ao recém-lançado álbum, “Night of Hunters”, foi essa a única opção.
25 músicas em duas horas de concerto, com direito a dois encores. Barriga cheia, portanto. Os quase €60 pagos pelo bilhete valeram cada cêntimo, pois não só Tori demonstrou uma limpidez vocal absolutamente fora de série, e uma enorme destreza no piano e órgão (a cantora ia girando entre um e outro, durante todos os temas), como estava extremamente bem-disposta e comunicativa. De vestido rosa-choque e acompanhada por uma extraordinária secção de cordas, os Apollon Musagète (ou “Fab Four”, como lhes chamou), fez desfilar alguns temas do novo álbum, inspirado em composições de música clássica (tocou quatro temas novos apenas), mas com vários regressos ao passado, talvez com o intuito de não alienar os fãs mais antigos, onde me incluo.
“Shattering Sea” abriu o recital, seguido de “Scarborough Fair” (uma versão de Simon & Garfunkel), “Suede” e “Way Down”.
Pelo meio, algumas memórias de um longínquo concerto tocado aqui bem perto de Frankfurt, em Wiesbaden, em 1991 ou 1992 (Tori já não estava bem segura da data exacta). “Algum de vós esteve nesse concerto?”, perguntou a ruiva ao público. “Ah, imagino que não. Não passavam de bebés nessa altura!” Mas um ou outro elemento do público respondeu que sim, para alegria da cantora.
“Cloud in my Tongue”, “Snow Cherries from France”, “Jamaica Inn”, “1,000 Oceans”, “Edge of the Moon” e o regresso a “Night of Hunters”, com “Fearlessness”.
Os acordes iniciais de piano de “Winter” fizeram muita gente sobressaltar-se nas cadeiras de veludo da sala (mais uma vez, eu incluída): incrível como, ao fim de quase 20 anos, esta música continua profunda e emotiva, tal como se ainda estivéssemos no início dos 90’s.
“Star Whisperer” e “Taxi Ride”, de “Scarlet’s Walk”, antecederam a versão de “Imagine”, de John Lennon. Seguiu-se “Velvet Revolution” e o lindíssimo “Spark”, de “From the Choirgirl Hotel”, mais um daqueles temas que me fizeram sentir frustrada por não poder levantar-me da cadeira e ver o resto do concerto em pé.
“Baker Baker”, “Siren” e “Cruel” terminavam o alinhamento do concerto, com direito a valente ovação do público alemão e flores atiradas para o palco.
O primeiro regresso ao palco deu-se ao som de “A Multitude Of Shades” e “Your Ghost”. Nova ovação, nova despedida e um regresso ao palco do quarteto de cordas que acompanha Tori nesta digressão, apresentado pela cantora. Tori sai do palco, deixando os quatro músicos sozinhos. No final da actuação destes, regressa para nos presentear com mais quatro temas: “Strange”, “Mr. Zebra”, “Precious Things” e “Big Wheel”. Mas, agora, já ninguém queria saber de estar sentado, e, seguindo o exemplo dos outros espectadores, levantei-me para assistir aos últimos temas do concerto.
Agora sim, era o final. Posso dizer que soube a pouco?