domingo, 29 de junho de 2008

O Festival Getafe Electric Weekend, numa perspectiva feminina


Cá vai a crítica aqui de moi même ao Getafe Electric Weekend, que a Blitz simpaticamente publicou no seu fórum online. Para quem tiver paciência, obviamente.
O melhor festival do ano foi aqui ao lado. E, como dizem os espanhóis, "Madrid me mata"!

Bem sei que os caros colegas aqui deste nosso fórum já tiveram a crítica ao Getafe Electric Weekend praticamente em cima do acontecimento (no passado domingo) feita pelo nosso comparsa Godflesh e, como tal, se o tema não vos interessa passem à frente. Ainda assim, e tendo em conta que a minha opinião é bastante diferente da dele, resolvi arriscar e escrever as minhas impressões sobre o supra-citado festival que tive o prazer de presenciar por terras vizinhas, mais concretamente nos arredores de Madrid, na zona militar de Getafe. Acompanharam-me nesta aventura espanhola mais uma vez os nossos colegas de fórum RebornLess (amiga inseparável destas vidas), Alcoholocaust e YeahYeahYeahs, com quem já partilháramos emoções no passado mês de Fevereiro em Barcelona, mais concretamente no concerto de Queens of the Stone Age, no Razzmatazz. Melhor companhia seria impossível e venham mais oportunidades destas! Sexta-feira, dia 30/05: Recebe-nos a chuva e um imenso lamaçal na zona de levantamento dos bilhetes. Felizmente o solo do recinto onde têm lugar os concertos é alcatroado, à semelhança do nosso Parque Tejo e as poças de água acabam por não incomodar tanto como se previa. A entrada destas cerca de 50.000 almas é pouco menos que caótica, a habitual revista não é feita, mercê quiçá da chuva imparável que se abatia sobre nós. Abrem as hostilidades os espanhóis Nothink e MOS a jogar em casa pois são de Madrid, seguem-se os Biffy Clyro, que já conhecíamos da primeira parte de QOTSA em Barcelona, Millencolin e a primeira boa surpresa do dia: Serj Tankian. O recém lançado álbum a solo do (ex?) vocalista dos System of a Down, “Elect the Dead” não é exactamente genial, fica-se pelo razoável, e nem sequer vale a pena compará-lo com os dos SOAD porque perderia em todas as frentes, mas ficou na retina um bom concerto, cheio de energia positiva. Apresentou os F.C.C. (que inclui Larry LaLonde, guitarrista dos Primus) como a sua nova banda (SOAD R.I.P., pelos vistos), vestido de branco e chapéu da mesma cor, a contrastar com o negro envergado por toda a banda. Não vale muito a pena enunciar o alinhamento visto que Tankian só tem um álbum, apenas de referir que a terminar o concerto tocou uma versão de “Holiday in Cambodia”, dos Dead Kennedys. Pelo meio, as já esperadas críticas à administração Bush (esperadas mas sempre pertinentes, claro está), os elogios ao governo esquerdista e democrata espanhol que fariam Zapatero inchar de orgulho se lá estivesse e o ataque à hipocrisia de séculos, que se por um lado nos diz “Praise the Lord!, por outro nos instiga a “Pass the ammunition!”, frases repetidas até à exaustão pelo vocalista. O prémio das t-shirts mais giras à venda nas bancas de merchandising do festival foi dele. A seguir, sobe ao palco 2 (numa tenda) a nova banda dos manos Max e Igor Cavalera, Cavalera Conspiracy. Gosto de Sepultura e Soulfly, daí não perceber muito bem o objectivo desta nova banda, até porque foram tocadas “Refuse/Resist” e “Roots Bloody Roots”: não faz grande sentido, mas o povo agradece e retribui com o esperado mosh. Agradável é certo, mas estranho. Uma hora depois é a vez da demência de Iggy Pop e os seus Stooges. A actuação enérgica e muito suada do costume, com palavras menos simpáticas a serem dirigidas aos técnicos de luzes. Entram, de seguida, em palco os Offspring, bastante mais anafados e “limpinhos” do que nos lembrávamos deles. Tocam os grandes êxitos de que já não nos recordávamos que chegámos a gostar há 14 anos atrás mas de que hoje em dia temos vergonha, “Bad Habit”, “All I want”, “Come out and play”, “Gone away”, “Self Esteem” e a dispensável “Pretty Fly (For a white guy)”, que dói de tão má que é. Primeira barracada da noite (e houve várias): o som em palco falha durante uns bons 15 minutos o que deixa a banda especada em palco a ter encher chouriços. Temia-se o pior para a actuação dos regressados Rage Against the Machine, cabeças de cartaz da noite, mas aqui não havia lugar a falhas e não as houve. De macacões laranja e capuzes negros pela cabeça, quais prisioneiros de Guantanamo, atacam “Bombtrack” sempre mascarados e o público ergue-se para a primeira grande saudação da noite. Segue-se a “Internacional” e tiram-se os macacões e os capuzes porque a hora era de festa ou não fosse este o dia de aniversário de Tom Morello. Arrepiou ouvir o “Cumpleaños feliz” cantado a 50.000 vozes em espanhol, português, inglês,…“Bulls on parade”, “People of the Sun”, “Testify”, “Calm like a bomb”, “Bullet in the head”, “Vietnow”, “Tire me”, “War within a breath”, “Guerrila Radio”, “Renegades of Funk”, “Township Rebellion”, “Freedom” e “Killing in the name” compuseram o resto do excelente concerto dos RATM. E que a actuação no Alive seja semelhante é o meu desejo. Mal os RATM faziam as despedidas havia que correr e muito para garantir um bom lugar na tenda onde iam tocar os Queens of the Stone Age, o motivo principal da minha ida a este festival. Objectivo cumprido, segue-se o alinhamento do concerto que durou pouco mais de uma hora, para tristeza de todos os que se amontoavam no auditório John Lennon para ver e ouvir Josh Homme e respectivos compinchas. “You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire”, “Sick Sick Sick”, “Turning on the screw”, “Misfit Love”, “Make it with Chu”, “3’s & 7’s”, “Burn the Witch”, “Little Sister”, “Feel Good Hit of the Summer”, a boa surpresa “You can’t quit me baby” (que não tinha sido tocada nos últimos concertos que vi dos QOTSA em Londres nem em Barcelona), “No One Knows”, “Do it Again”, “A Song for the Deaf” e a finalizar, como já é hábito, “A Song for the Dead”. Right on, Mr Homme! Alinhamento de luxo ainda que curto, muito curto, sentimos nós, mas valeu cada segundo. Este ano não há Paredes com os Queens e é pena. Sábado, dia 31/05: Dia de From First to Last, ETHS, Mnemic, The Haunted, Soilwork (interessante em alguns momentos nos seus álbuns, mas em concerto nem tanto pois a escolha de músicas não terá sido, na minha opinião, a melhor), Queensryche, para quem teve paciência para os ver, o que não foi o meu caso, limitei-me a ouvir e já chegou, os aborrecidíssimos e irrelevantes Within Temptation, que já me tinham chateado de morte no SBSR de 2006, voltaram a chatear-me neste fim-de-semana e, para mal dos meus pecados, ainda vou ter de levar com eles dia 11 /07 no Alive: é dose! O povo estava lá era para Machine Head e Metallica e o resto era conversa. Aqui fica o alinhamento do literalmente caótico concerto de Machine Head (os dentes partidos, olhos vendados e outras mazelas que tais que muitos exibiam no final da noite são disso prova): “Clenching the fists of dissent”, “Imperium”, “Now I lay thee down”, “Ten Ton Hammer”, “Aesthetics of Hate”, “Old”, “Halo”, “Take my scars”, “Descend the Shades of Night” (dedicada a Turtle, falecido poucos dias antes e muito obrigada pela dica Alcoholocaust!) e “Davidian”. A meio do concerto umas escusadas incitações à violência por parte do vocalista, como se o mosh violento que se via já não fosse suficiente: perfeitamente desnecessário e com consequências visíveis, infelizmente para muitos. Prémio de actuação que mais trabalho deu às equipas de emergência presentes no recinto, que não tiveram mãos a medir. Para terminar em grande, e isto porque me escusei a ver At the Gates (as filas para os autocarros para Atocha eram para lá de gigantescas e a chuva que depois acabou por cair não se compadecia com perdas de tempo), Metallica. Ao som de Ennio Morricone, tal como no SBSR de 2007, entram em palco James Hetfield , Lars Ulrich, Robert Trujillo (com uma barba que não lhe conhecíamos) e Kirk Hammet. Duas horas e quinze minutos de concerto para debitar “Creeping Death”, “Fuel” (e focos de fogo a iluminarem-se por segundos, tal como no SBSR), “Ride the Lightning”, “Harvester of Sorrow”, “Bleeding me”, “Wherever I may roam” (que me deixou em êxtase já que é uma das minhas preferidas dos Metallica), “Devil’s Dance”, “…And justice for all”, “Fade to Black”, “Master of Puppets”, “Whiplash”, “Nothing else matters”, “Sad but true”, “One”, “Enter Sandman”, Last Caress”, “So What” e, por fim, “Seek and Destroy”, tudo intercalado com muito fogo de artifício, explosões e focos de fogo, à semelhança do que assistimos em Lisboa no ano passado e, creio, acontecerá amanhã, dia 5, no Rock in Rio. Aspectos positivos do Getafe Electric Weekend: É preciso dizê-los? As bandas, de longe. QOTSA, RATM, Metallica, Machine Head e Serj Tankian num único cartaz é um luxo a que não vamos ter o privilégio de assistir em terras lusas este ano Contras: A péssima organização de um festival que, ao contrário do que foi aqui dito por alguns users, não se realizou pela primeira vez, apenas sofreu uma alteração de designação. Haver uma banca de comida para 50.000 pessoas é absurdo e mais absurdo ainda é acabarem as fichas de comida a meio da tarde e recusarem, por esse motivo estapafúrdio, vendê-la. Onde já se viu? Bancas de bebida não faltavam pelo recinto, mas comida nem vê-la. Pelos vistos em Espanha não se come, só se bebe. Ridículo também foi, e apesar destas falhas alimentícias, poder entrar-se no festival com todas as bebidas que se quisesse, alcoólicas ou não, mas comida nem pensar. Inteligente resolução, hum? Pôr Machine Head a tocar numa tenda foi igualmente uma decisão de jerico: era só uma das bandas mais aguardadas da noite e obrigar 50.000 pessoas a espremerem-se umas contra as outras numa tenda com capacidade para 1/10 disso não me pareceu boa escolha. Não se compreende nem admite erros crassos destes, a 132,50€ cada bilhete, ainda para mais sendo esta a mesma produtora que organiza o Azkena Rock Festival, a que assisti no ano passado. O espaço em questão era mais pequeno, é um facto e as bancas de comida também não abundavam, mas correu bastante melhor. Seria de prever que aproveitassem essa experiência para melhorar o Getafe Electric Weekend, mas afinal parece que não. Ainda assim valeu bem a pena cada € gasto. E agora venham os festivais portugueses, porque o melhor do ano, para mim, já foi este. Vemo-nos no RiR e no Alive! Hasta ya!
Publicado na Blitz online. Para ver este post no contexto original, bem como respectivos comentários é só fazer clique em: http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/24621.

Porcupine Tree

Quando o ano de 2008 parecia já ter esgotado as boas notícias «concerteiras», eis se não quando surge a confirmação de um concerto há muito aguardado, pelo menos por mim: Porcupine Tree, dia 7 de Outubro no Incrível Almadense. Já de bilhete na mão, aqui vai a versão (infelizmente) cortada de "Fear of a Blank Planet" do último de originais da banda, gravado no ano passado. A rotação televisiva não se compadece com os mais de 7 minutos de duração da canção. É pena.