sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Mark Ronson 'Valerie'

Eis a minha "feel good hit of the summer" do momento, que também tem cocaína à mistura (via Amy W.), tal como o original qotsiano.
O tema é de uns tais de Zutons e não é nada de extraordinário, mas o vozeirão de Winehouse dá-lhe outro gás e transforma o que seria uma cançãozita inofensiva num êxito retumbante. Bem melhor que o original.

A Place Called Home - PJ Harvey

My place called home...

Never thought it was here and I was right,
Always believed it was there and I was wrong.
Guess I'm just...

Still searching...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O Sudoeste, os Franz Ferdinand, moi e as tendas de fácil montagem que não se desmontam



















Ora e cá estou eu de volta, depois de mais um festival de Verão, o 4.º desta época estival (que hoje está menos estival do que seria de esperar, mercê da irritante e habitual chuva de Agosto) da minha contabilidade pessoal.
Sábado de manhã, dia 9/08 (pronto, mais ou menos de manhã, que o cansaço era muito e o trabalho tem sido às toneladas) - Acordar, ir a Sete Rios comprar o bilhete para a Zambujeira do Mar, com partida às 17h. Calor insuportável em Lisboa, acima dos 30º, adivinha-se uma viagem nada fácil. Bilhete comprado, virar antenas rumo à Sportzone do Colombo, esse mamarracho cor-de-laranja inútil, em frente ao Mediamarkt. Ah, parece que o estádio da lampionagem também fica lá em frente, mas não sei porque não vi. Vantagens de andar de metropolitano.
Diz que há umas tendas que se montam sozinhas em dois segundos e não sei quê: é mesmo isso, que sou gaja, vou sozinha, chego lá tarde e a más horas e estar a montar tendas às escuras, de martelo e estacas na mão (coisa que nunca tinha feito, visto que foi a minha estreia em acampamentos: ridículo, eu sei...) no meio de gandulagem que não conheço de lado nenhum não me parecia uma perspectiva lá muito aliciante. Adiante. Tenda comprada, ou seja, mais 3,5 kg de tecido e arame às costas, enfiados num saquinho (o «inho» é eufemismo, claro está, porque aqui a Battle Axe não é propriamente uma gaja grande, fico-me por um mísero 1,65 m, mas gosto de espaço e de me mexer à vontade, por isso, apesar de sozinha, vai de comprar tenda para duas pessoas, para me poder esticar à grande e ainda ter espaço para os sacos e mochila).
Almoço, buscar as malas e pé na estrada que se faz tarde e o calor aperta.
A viagem demora mais do que o previsto no horário e a chegada faz-se perto das 22h. Primeiro contratempo da noite: não há táxis, não há iluminação na rua, não sei o caminho para o Parque de Campismo e a berma da estrada é um imenso lamaçal, cheio de garrafas de vidro vazias e lixo. Toca de agarrar na bem pesada trouxa, pôr pés ao caminho, ainda que por cima da lama e da imundície (abençoadas Doc Martens, mais uma vez!), e andar até aparecer alguma alma caridosa que me possa indicar o caminho para o campismo da Zambujeira. A salvação surge uns bons e sofridos metros mais à frente, sob forma de um estrangeiro de origem desconhecida, que num semi-espanhol-inglês-português lá me responde que o parque é mais lá à frente e à direita. Boa, pensei eu. Pode ser que não seja longe. Pois... Com os bofes à boca, lá chego, quase à hora de fecho da recepção. Por pouco não dormia na rua, mas vá sejamos positivos: afinal, tinha acabado de chegar.
Espaço indeterminado atribuído: «olhe, acampe onde houver espaço, menos aqui que é para caravanas e ali atrás que também é». O.k., instrução acatada, parece que afinal não é bem assim, «acampe onde houver espaço». Mas siga para bingo que a tralha pesa.
Importante: escolher um cantinho para repouso(?) perto dos balneários, para não perder muito tempo de manhã a andar até ao banho e ao chichi. Esmifradinho, mas lá encontro, infelizmente também ao lado de alguém com um gosto deveras anormal por música de carrinhos de choque aos berros, bem como por pessoas que não conhecem o tom de conversa «baixo», que me é tão caro. Dormir não era aqui, mas quem quer dormir não vai ao Sudoeste, vai para a pasmaceira ou fica simplesmente em casa.
Tenda montada (de facto é abrir o saco e a magia acontece), há que avaliar as instalações sanitárias. A fila de mulherio para o banho impressiona. Regresso à tenda. Qual tenda? Onde está a minha tenda? Onde é que a larguei, porra? Montar tendas às escuras, no meio de milhares de pessoas e por parte de uma pessoa sem o mínimo sentido de orientação, como eu sou, vergonhosamente, não correu bem. E agora o que é que eu faço? Tenho lá tudo dentro! A recepção já fechou e ninguém me vai ajudar! Aaaaaarrgh! Raios partam, eu e a minha estupidez!
Bom, mas problema resolvido, com a ajuda de mais uma alma caridosa. Valeu-me ter decorado a matrícula de um carro espanhol que estava ali perto. Shame on me...
Outra decisão inteligente: por falta de espaço, não quis levar colchão para colocar debaixo do saco-cama. Ah e tal, a toalha de praia chega e está muito bom. Não. Decisão de jerico n.º já nem sei qual. O rubor facial aumenta exponencialmente.
3.ª luta do dia: tentar dormir. Do lado direito e atrás, pastilhada aos berros, do esquerdo e em frente conversa aos berros, por baixo de mim um chão um bocado para o rijo, com pedras e assim, cujas nódoas negras e marcas ainda conservo nas pernas, joelhos e ancas. Às cinco da matina alguém do sexo masculino resolve entoar o hino francês com vários decibéis acima do permitido por lei. Vontade de lhe atirar com um balde de merda à tromba. Primeiro, não tenho balde. Porra. Segundo, apesar de tudo, aqui não há merda, pelo menos da convencional. Porra. Terceiro, estou demasiado cansada e dorida para me conseguir levantar. Três horas mais tarde, alvorada definitiva, que o barulho e o calor não deixam descansar. Há que ir à praia, aproveitar a manhã de sol. Duas horas e tal de praia feita, é hora de ir ao Posto de Turismo da vila saber os horários dos autocarros para o recinto e as respectivas paragens. Pelo caminho ainda há tempo para ver o mercado de freaks e neo-hippies montado no centro da Zambujeira: muita rasta e oferta de tererês, coisas que não me seduzem. Chegada ao Posto de Turismo. Fecha sempre aos domingos e segundas-feiras. Dois dias! What the fuck??? Como assim??? Uma vilória perdida no meio do nada, que não tem porra de coisa nenhuma, dá-se ao luxo de fechar o turismo na única altura do ano em que REALMENTE lá vai gente? Não acho isto normal.
Tentativa gorada de saber o que quer que fosse, por isso regresso à minha tenda. À tarde vai de apanhar um táxi para percorrer os 5 km de distância entre o parque de campismo e o recinto do Sudoeste, na Herdade da Casa Branca. Não está fácil, as solicitações são muitas e a bandeirada faz-se a condizer. Quase o dobro do que pagamos em Lisboa, capital do país dito civilizado que é Portugal. Há que esmifrar ao máximo os €€€ destes meninos e meninas alfacinhas ricos que vêm aqui invadir-nos isto uma vez por ano, pensarão os taxistas da zona. Mas nem eu sou alfacinha nem rica, por isso doeu pagar a exorbitância cobrada nas duas viagens.
Chegada ao recinto, há que procurar os amigos que já foram há 5 dias atrás para o festival e a quem não pude juntar-me.
Os concertos começam tarde, muito tarde, por isso há tempo para ver tudo com calma, para comer, conversar e responder a inquéritos de teses de mestrado e da Worten feitos por jovens armados de bloco em riste.
A criançada sub-16 presente no recinto preferia andar a brincar e mergulhar na piscina da SAPO, a ver as babes em bikini, a recolher preservativos da Harmony para fazer balõezinhos e assobiar nos apitos da dita marca. O meu grau de irritação teimava em aumentar.
1.º concerto do dia: Fanfarlo. Uma chatice. Putos ingleses com muitos quilos a menos, armados em Arcade Fire e Sigur Ros. Não gostei.
Tara Perdida também não me aliciava, por isso esperei por Jorge Palma. Em grande, literalmente, a barriguinha proeminente era muito notória, a bebedeira também (onde é que já ouvimos isto?), mas o primeiro bom concerto do dia, vá-se lá perceber como. Antes do concerto tivemos a oportunidade de conhecer o filho de Jorge Palma, o Vicente, rapaz muito atinadinho e simpático, amigo de um casal com quem estávamos. Toca piano e guitarra com o pai e lá esteve ele a brilhar em palco, ao lado do progenitor. Acabado o concerto, dei os parabéns ao puto, que os mereceu e bem. Soube que já tem músicas gravadas no CD Novos Talentos da FNAC e numa homenagem a Adriano Correia de Oliveira, em nome próprio. A investigar.
«E a seguir vêm os Xutos... acho eu», anunciava (?) Jorge Palma. E não é que acertou? Hora de ir jantar, cá para mim, que Xutos não são santos da minha devoção e tenho mais que fazer. Andar na roda gigante da TMN também foi giro. A vista era lindíssima, sobretudo àquela hora da noite.
A seguir, Shout Out Louds, mais conhecidos pela «banda da música de anúncios a telemóveis» que não a TMN, patrocinadora do evento, curiosamente. O concerto não é mau, mas também não é bom. Não acho piada a esta popzinha inconsequente sueca, não é o meu estilo e só conhecia mesmo o single de apresentação. No entanto deu jeito ver o concerto, quanto mais não fosse para marcar um bom lugar para o motivo da minha ida ao Sudoeste: os Franz Ferdinand.
E ei-los, por fim. Por trás, um divertido pano de fundo estampado com as caras dos elementos da banda. O início dá-se ao som da minha preferida, "Michael", o que já esperava face ao alinhamento do concerto anterior da banda na Alemanha, três semanas antes. Delírio puro para mim, mas algo não correu bem. A voz ouvia-se mal. No final da música a P.A. falhou. "Come on home" sofreu da mesma falha, o que fez com que a banda abandonasse o palco por duas vezes. Temia-se o pior e eu já amaldiçoava a Música no Coração quando alguém da organização subiu ao palco a explicar que os problemas técnicos da P.A. iam ser reolvidos e o concerto retomado dentro de breves minutos. Assim foi. Ufa!
Os Franz Ferdinand não esperavam aquilo e ficaram nitidamente tristes com os problemas técnicos, ainda que a eles fossem alheios. Mas quem se lembrava disso, mal soaram os acordes de "The Dark of the Matinée"? Continua-se a boa onda com "The Fallen" (outra das «mais» dos FF), "Do you want to?", "Walk away", "Take me out", "Jaqueline", "Outsiders" (outra das minhas preferidas) "40 Ft" e "This fire" a terminar o concerto. Pelo meio muitos e bons temas novos, que deixam adivinhar um regresso em grande dos Franz, neste 3.º álbum que se aguarda para breve. "Bite hard", "Turn it on", "Ulysses" foram os temas apresentados em primeiríssima mão ao já redimido público. "A few moments ago I was feeling really bad [quando a P.A. rebentou], but you made me feel good again, Sudoeste!", dizia Alex Kapranos. Idem, amigo. Deram o concerto da noite, superaram todos os problemas e salvaram o que parecia condenado à desgraça. Que mais se lhes pode dizer? Um enorme e muito sentido: OBRIGADO! Voltem em breve, por favor.
Findo o concerto, regresso à roubalheira do táxi para o campismo. Tentar dormir era difícil, mas o cansaço era tanto que ainda deu para pregar olho um pouco, apesar do barulho. No dia seguinte, a luta para desmontar a tenda começa. A tenda vence. As instruções não instruem. Graças à Berg 2 seconds acabo de ficar coberta de terra, isto escassos minutos após ter acabado de tomar o meu banho semi-frio matinal (o gás parece que não quis funcionar nos balneários femininos). O povo acampado ao pé de mim não só não ajuda como ainda goza com a situação. «Pois, montar é muito fácil, mas desmontar é que é o problema! - gritam-me de passagem. Já devem ter passado pelo mesmo problema, pelos vistos. P*** que os pariu, grunho eu. Isso e muitos outros palavrões que não reproduzo por decoro, no entanto digamos que fiz combinações de asneiras que não sei muito bem se existem, mas que agradariam provavelmente à claque dos Super Dragões, por exemplo. Uma jovem sozinha em apuros não inspirou pena na vandalagem presente no parque, o que diz bastante sobre o pretenso cavalheirismo do macho luso. Na impossibilidade de obter ajuda interna, restava-me a opção de arrastar a tenda o mais dobrada que me foi possível para fora do parque, para que as duas amigas com quem ia para Lisboa me ajudassem. Mesmo a três não foi possível arrumar o estupor da tenda em condições, pelo que se dobrou o melhor possível, só até se conseguir enfiar a dita no saco e pé no acelerador que já se fazia tarde e ainda havia muito quilómetro para fazer. Claro está que já devolvi a Berg 2 seconds à procedência. 2 segundos a montar mas uma eternidade a desmontar, deviam eles acrescentar ao slogan da marca. 15 segundos a desmontar, diziam eles. Nunca a publicidade foi tão enganosa, digo eu.
E assim termina a minha saga no Sudocas. Puxando ao meu lado mais masoquista, faria tudo de novo, porque na música não há sacrifícios. Franz FUCKING Ferdinand!

P.S. - Como podem reparar, a ordem das fotos está baralhada, por pura incompetência desta vossa blogueira de serviço. Às vezes esqueço-me que a carregar fotos, o blogger troca a ordem das ditas de cima para baixo. Não correu, de facto, bem. Desenvencilhem-se, ainda assim. Tenham lá paciência.


quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Aqui vou eu, aqui vou eu, vou para o Sudoeste vou curtir, vou dançar até cair



Quase de partida para o Festival do Sudoeste, ou Sudocas, como lhe chamo, aqui ficam as minhas despedidas.
Sozinha (já vai sendo hábito!), de mochila e tenda ainda não comprada às costas, depois de muitos €€ gastos, cá vou eu fazer centenas de quilómetros de autocarro, debaixo de um calor alentejano infernal, arriscar-me a não ter onde dormir nem montar a tenda, só para ver estes meninos: Franz Ferdinand.
Espero bem que me façam salivar e shake that ass muitíssimo ou rogo-lhes uma praga! Oh se rogo!
Só lhes perdoo se iniciarem o concerto com "Michael" (a minha preferida), tal como fizeram há 3 semanas atrás na Alemanha.
E é isso. Adeusinho e até ao meu regresso!
Portem-se mal e não se estiquem!
Beijinhos da Battle Axe