segunda-feira, 14 de março de 2011

P. J. Harvey @ Admiralspalast, Berlim, 22/02/2011


A promover o mais recente álbum, “Let England Shake”, P.J. Harvey passou a dobrar por Berlim, altura mais do que boa para fazer os cerca de 600 km que me separam da capital do país para onde me mudei recentemente e voltar a uma cidade, que, desde 2008 me fascina.
O termómetro marcava -10º C e o frio gelara os rios e lagos da capital alemã, a ponto de ser até penoso passear pelas ruas durante os quatro dias em que por lá permaneci, apesar do sol radioso que se fez sempre sentir. Mas nada disso importava para todos nós que se dirigiam para a Friedrischstrasse no passado dia 22 de Fevereiro, para assistir ao início da digressão de Miss Polly Jean Harvey.
O Admiralspalast é, à semelhança de todas as salas escolhidas pela cantora britânica, um espaço pequeno (maior que a Aula Magna, mas ligeiramente mais pequeno que o Coliseu dos Recreios), um antigo teatro/cabaret dos anos 20, lindíssimo, forrado a vermelho e cheio de lustres e castiçais nos camarotes.
P.J. Harvey surge em palco de vestido branco e um corpete de papel, com penas na cabeça, a fazer lembrar uma espécie de noiva cadáver meio freak. Não percebo muito bem esta nova fase de Miss Harvey, de indumentária alucinada, mas, desde que a voz esteja lá, pouco me importa o resto. E que voz! Mesmo depois de, na véspera, ter dado o primeiro concerto no Admiralspalast, o cansaço não se fez notar nas cordas vocais da cantora, de voz límpida e fresca e a não falhar uma nota, como lhe é, aliás, habitual.
Sem qualquer tipo de cumprimentos, atira-se a “Let England Shake” e “The Words that maketh Murder”. Em seguida, um pequeno deslize no início de “All & Everyone” faz com que P.J., John Parish e Mick Harvey se vejam obrigados a retomar o início da canção. Nada de grave: afinal, a máquina ainda está a ser oleada.
Seguem-se “The Guns Called Back Again”, “Written on the Forehead”, “In the Dark Places”, “The Devil”, “The River”, “The Sky Lit Up” e “The Glorious Land”. Coincidência ou não, uma menina ao meu lado, que levava um ramo de rosas que de vez em quando ia atirando para o palco, gritava histericamente “P.J., you’re the last living rose!” e a cantora fez-lhe a vontade: “The Last Living Rose” foi o tema que se ouviu de imediato.
Seguiu-se uma óptima sequência, que começou com um dos meus temas preferidos de “Let England Shake”, “Bitter Branches”, após o qual se ouviu “Down by the Water” e “C’mon Billy”.
Para o final do alinhamento ficaram “Hanging in the Wire”, “On Battleship Hill”, “Big Exit” e “The Colour of the Earth”.
No encore, apenas duas canções: “Angelene” e “Silence”.
As palavras de agradecimento são parcas, mas sentidas, e caem bem a um público que teria de enfrentar, à saída, muitos graus negativos no regresso a casa (ou hotel, no meu caso).
Para aqueles que a vão ver em Maio, à Aula Magna, espera-vos, sem dúvida, um excelente espectáculo.
Viel Spass!

(Artigo publicado igualmente no Fórum da Blitz online, em:
http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/71732).