terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Som do dia



Foi eleito um dos melhores álbuns deste ano. Eu cá discordo, porque este "Hidden", dos These New Puritans, acaba por se tornar chatinho no seu todo. Tem, no entanto, esta grandessíssima malha que é "We Want War", incluído na banda sonora do popular jogo "Assassin's Creed - Brotherwood". E, só por isto, já deu vontade de ir comprar o jogo (e, já agora, de ter depressinha a minha Wii, que isto de "em casa de ferreiro espeto de pau" deixou de ter graça).

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"The Museum of Innocence", Orhan Pamuk


Istambul, 1975

26 de Maio marca o dia mais feliz da vida de Kemal Basmaci, ainda que este ainda nao o saiba. Jovem (30 anos), rico, membro de uma das mais distintas famílias da alta sociedade turca, viajado, culto e recém-perdido de amores pela bela Füsun, parente já distante, 12 anos mais nova e, evidentemente, virgem, ou nao falássemos de um país onde mulher que nao o fosse era mulher caída em desgraca.

Problema número 1 - Kemal está noivo (e nao é de Füsun);

Problema número 2 - Kemal gosta, de facto, da noiva, Sibel, uma "socialite" com mais nome que dinheiro, recém-graduada pela Sorbonne e nao pensa, sequer, em deixá-la, preferindo uma inicial abordagem "happy go lucky" ao trio amoroso, que de "happy" acaba por ter muito pouco. Sibel, tal como Füsun, também era virgem antes de conhecer Kemal, o que é mais um motivo para a desonra.

Sibel e Kemal tem tudo para serem felizes, num mundo de elites cor-de-rosa que os apaparica e deseja ver juntos.
O que Kemal nunca imaginara é que a compra de uma simples mala de presente de noivado para Sibel, numa boutique chique de Istambul, viria a dar origem à maior tortura da sua vida.
"The Museum of Innocence", do "nobelizado" Orhan Pamuk, é, provavelmente, uma das histórias de amor/obsessao/absoluta demencia mais torturantes que alguma vez li. Sao 730 páginas de verdadeira angústia, de queda livre para o abismo, de completo desassossego que, ora a espacos nos enternecem, pela pureza de sentimentos , ora nos deixam a espumar de raiva pela ingenuidade e auto-humilhacao a que um homem doentiamente apaixonado se submete.
Kemal deixa fugir a tal "vida perfeita" por entre os dedos e embarca numa cruzada de (re)descoberta da amada, sem que nunca lhe ocorra que, na Turquia dos anos 70, mulher desonrada tem de ser casada, mesmo contra a sua vontade. Chega, portanto, tarde demais. Num abrir e fechar de olhos perde de vez a noiva, cuja relacao desgastada por demasiado desamor fica em frangalhos e perde, também, Füsun, obrigada a casar à pressa com um vizinho, para manter a honra da família.
Durante 9 eternos anos, Kemal sujeita-se às humilhacoes, caprichos e indeferenca de Füsun, ferida de morte e demasiado jovem para entender o nao-rompimento do noivado de Kemal com Sibel na hora devida.
Por Füsun, Kemal perde a noiva, os amigos, familiares, dinheiro, afunda a maior empresa da família, perde a face, arrisca a vida nas ruas de Istambul durante a guerra civil, quase perde a vida, mas perde, sobretudo, a razao.
The Museum of Innocence" é uma descida aos infernos de um homem caído em desgraca, cuja maior parte da sua vida é dedicada à mulher com quem nunca poderá estar e ao coleccionar de forma obsessiva e doentia os objectos que lhe pertenceram. Mesmo depois de uma espera de mais de nove anos, quando tudo parecia, finalmente, possível, eis que o destino fala mais alto e relembra que nunca se deve voltar ao sítio onde já se foi feliz. O despeito e a mágoa, maturados durante quase uma década, roubam a inocencia e corroem as entranhas daquilo que poderia ter sido um amor puro, mas que, por falta de "timing", se transforma numa história ácida e, evidentemente, trágica (para além de verídica, já que o próprio Pamuk aparece como personagem no livro).
Trata-se de um livro belíssimo e as mais de 700 páginas leem-se de um trago. É desesperantemente bonito, mas igualmente aterrador.
Para estomagos fortes, diria eu.

(Perdoem a falta de acentuacao, mas PCs alemaes sao assim...)

(PAMUK, Orhan, "The Museum of Innocence", transl. by Maureen Freely, Faber & Faber, London, 2009)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Festival Rock en Seine, Paris, 28 e 29 de Agosto de 2010


A encerrar a época de festivais, resolvi terminar da melhor forma possível e abalar rumo a França para assistir àquele que foi, para mim, o cartaz do ano.
O Rock en Seine teve lugar nos passados dias 27, 28 e 29 de Agosto, mas, por achar o cartaz de dia 27 demasiado fraco, resolvi aproveitar esse dia para ir visitar a cidade de Paris e optei por só assistir ao festival nos dias em que realmente valia a pena. O recinto do festival localiza-se no Domaine National de Saint-Cloud, o mais belo recinto de festival que alguma vez vi em qualquer país por onde tenha passado (tem inclusivé uma cascata, iluminada à noite e estátuas pelo recinto). Trata-se de um parque absolutamente gigantesco, todo relvado e plano (logo, sem os habituais problemas de poeira que afectam a grande maioria dos festivais portugueses), onde se andavam quilómetros desde a entrada até aos três palcos que o compunham, o que, para quem tinha torcido o pé a andar nos Champs Élysées no dia anterior, como me aconteceu, se tornou bastante doloroso e cansativo. A distância algo exagerada entre os palcos tornava completamente impossível a sobreposição de sons, algo que acontece várias vezes no Alive ou Sudoeste, só para citar dois exemplos.
Outra diferença em relação aos festivais portugueses (e até espanhóis) é que as portas do recinto abriam às 13h ou 14h e os concertos tinham início logo às 14:30 ou 15h, dependendo do dia. Muito cedo, para quem, como eu, está habituada a concertos a começar às 17h ou 18h, na melhor das hipóteses.
Achei graça às bancas de merchandising do festival, que vendiam umas coloridas galochas com a insígnia do Rock en Seine. Apesar do sol inicial, cedo lhes percebi a utilidade e me arrependi de não ter comprado umas. É que, se num minuto fazia sol e calor, meia hora depois desatava a chover como se não houvesse amanhã. Senti-me em Paredes de Coura, quase. Abençoado impermeável que resolvi levar just in case. Foi a minha sorte!
No dia 28, o palco Scène de la Cascade (o palco secundário, por assim dizer) abriu com os Chew Lips. Em seguida, Plan B (ou Benjamin Drew), um cantor/rapper inglês que desconhecia até então, por não ser este o meu estilo de música. Tiro-lhe, no entanto, o meu chapéu. Não só deu para perceber que tem muitos fãs franceses, o que não surpreende, já que é o estilo musical que mais vende por terras gaulesas, como deu um espectáculo irrepreensível, cujo início com uma espécie de beatbox humana, a interpretar hits de música de dança dos anos 90 em medley, me fez rir bastante. Quanto mais não fosse por isso, já teria sido interessante. Chegava a altura de ir ao palco «terciário», o Scène de l'Industrie, ver um pouco dos Viva and the Diva. Regresso, de seguida, ao palco secundário para ver um dos hypes do momento, os Two Door Cinema Club. Francamente, não os achei nada por aí além, mas a verdade é que o público estava a vibrar e muito. Por ali fui ficando, basicamente a fazer horas até ao concerto de Queens of the Stone Age. Depois de coxear os quilómetros que me separavam do palco secundário até ao principal, ou Grande Scène, assisti ainda a parte do concerto de Paolo Nutini (!), que tocou antes dos QOTSA: não perguntem, a coerência disto é de rir à gargalhada. Duas gratas surpresas, ainda assim: o senhor Nutini é um pedaço de mau caminho, muito apelativo visualmente, há que dizer, e o facto de, a meio do concerto, ter feito uma muito bem conseguida versão em registo semi-crooner de "Time to Pretend", uma das melhores canções dos MGMT. Fê-lo ganhar muitos pontos e, quiçá, novos fãs, que não senhoras de meia-idade.
Em seguida, entram em palco os Queens of the Stone Age. "Nicotine, Valium, Vicodine, marijuana, ecstasy and alcohol", foram as primeiras palavras deste fim de tarde e os primeiros mosh e crowdsurfings do dia a surgirem em grande força. Alguém me dissera antes que os franceses eram um público apático e frio. A sério? Onde? A Cruz Vermelha presente no recinto não deve partilhar da mesma opinião.
A "Feel Good Hit of the Summer" seguiu-se "The Lost Art of Keeping a Secret", que muito feliz me deixou, uma vez que de todas as vezes que vi QOTSA até hoje (e já foram muitas) nunca tinha tido a sorte de a ver incluída no alinhamento. Boa estreia!
Seguiu-se a tríade "Era Vulgaris", com "3's & 7's", "Sick Sick Sick" e "Misfit Love", que é e será das músicas mais inspiradas de Homme e C.ª. Regresso a "Rated R" com "Monsters in the Parasol" e mais uma tríade, mas desta vez de "Lullabies to Paralyze": "Burn the Witch", Long Slow Goodbye" e "Little Sister". Novo regresso a "Rated R", pela mão de "I Think I lost my Headache" e para terminar, uma visita às inevitáveis "Go with the Flow", "No One Knows" e "A Song for the Dead", do ainda mais inevitável "Songs for the Deaf". Contas finais: energia a rodos, concentrada numa curta hora de concerto, mas, no Rock en Seine não há direito a encores, até porque à meia-noite já o festival estava quase acabado.
No final do concerto de Queens of the Stone Age, havia que voltar ao palco secundário, para assistir ao concerto de LCD Soundsystem. O alinhamento foi muito semelhante ao do Alive, como podem constatar: "Us vs Them", "Drunk Girls", "Get Innocuous", "Daft Punk is playing at my House", "All My Friends", "I Can Change", "Tribulations", "Movement" e "Yeah". Para encerrar a actuação, James Murphy resolveu brindar-nos com o belíssimo "New York I love you, but you're bringing me down". Eis se não quando, no final da música, resolve fazer um medley com "Empire State of Mind", de Jay-Z e com a ajuda de um elemento feminino da banda a fazer as vozes de Alicia Keys. O momento-chunga mais divertido da noite, sem dúvida!
No final, mais um regresso ao palco principal para ver os Massive Attack. "United Snakes", "Babel" (com Martina Topley-Bird em palco), "Risingson", "Girl I love you", "Invade me", "Mezzanine", "Teardrop", "Angel" e "Inertia Creeps". Durante este tema, passavam nos ecrãs mensagens anti-Sarkozy, sobre a recente polémica da expulsão dos ciganos romenos de França. Marcou-me sobremaneira a frase "Les roms sont des marionettes, mais pas si nettes", cujo mordaz trocadilho envolvendo a eventual falta de asseio do povo em causa não provocou, no entanto, qualquer reacção no público. Toda esta informação foi recebida com uma frieza só explicada pelo costumeiro chauvinismo empedernido que, infelizmente, está associado ao povo francês, o que não se compreende muito bem no caso de Sarkozy, tendo em conta que, ele próprio, é de origem húngara.
A "Inertia Creeps" seguiu-se "Splitting the Atom", "Safe from Harm" e "Atlas Air".
Para mim era o final da noite, ainda que os 2 Many DJ's começassem na altura a sua actuação no palco secundário, que encerraria o cartaz desse dia, mas as dores no pé não me deixaram assistir a este concerto, o que lamento. Regresso forçado ao hotel, que remédio.
Acrescento ainda que, nesse dia, passaram pelos diversos palcos do festival K'naan, Stereophonics, Jónsi (dos Sigur Ros), Quadricolor, Naive New Beaters, Jello Biafra and the Guantamo School of Medicine, Naive New Beaters e Martina Topley-Bird a solo, em substituição dos Où est le Swimmingpool, cujo vocalista se suicidou há semanas atrás no Pukkelpop.
No domingo, dia 29, não saí do palco principal, com alguma pena, mas o cartaz não deixou. Havia bandas interessantes a ver, mas as sobreposições horárias não ajudavam, pelo que tive de optar pelo que entendi ser mais importante.
A tarde começou ao som dos The Temper Trap, que já tinha visto o ano passado em Paredes de Coura. Seguiram-se os Eels, de Mr. E, embora numa roupagem que não lhes adivinhava. Mal a banda entrou em palco pensei estar, de repente, num concerto dos ZZ Top. A cerradíssima e longa barba de Mr. E. e o lenço/espécie de turbante que trazia na cabeça, roçavam o al-Qaediano. Todos os elementos que o acompanhavam tinham, igualmente, longas barbas e o registo meio-Beach Boys em que actuaram pouco se aproximou dos Eels que conheço e aprecio desde o delico-esquizóide "Beautiful Freak", dos meus tempos de adolescência. Parecia estarmos na presença de uma banda completamente diferente, a que não é alheia a inclusão de diversas versões no alinhamento. "She Said Yeah" (dos Rolling Stones), "Summer in the City" (dos Lovin' Spoonful, provavelmente mais conhecida na versão de Joe Cocker) ou "Summertime", de George Gershwin, foram as versões tocadas pela banda, que só conseguiu momentos mais altos quando interpretou "Mr. E's Beautiful Blues" (numa versão praticamente irreconhecível, em muito devedora da sonoridade dos Beach Boys, mais uma vez)ou "Souljacker part I". A bem da paciência de todos, digamos que espero que o concerto de dia 19 de Setembro no Coliseu seja diferente (para melhor, entenda-se).
Beirut foram os senhores que ocuparam o palco depois dos Eels. Concerto muito agradável, este, a cortar com o disparate que tinha sido a semi-desilusão do dos Eels. Os êxitos estavam lá em barda: "Nantes", "Elephant Gun", "Postcards from Italy", "Cherbourg" ou "Sunday Smile". Muito interessante.
No fim do concerto de Beirut tive de ser assistida pela Cruz Vermelha, pois já mal conseguia andar. As dores no pé não me deixaram assistir às duas primeiras músicas e meia dos The Ting Tings, que tive de ouvir na tenda médica. Perdi "We Walk", "Great DJ" e parte de "Fruit Machine", mas ainda pude ver "Keep your head", "Be the one", "We Started Nothing" (com parte de "Psycho Killer", dos Talking Heads a ser tocado), "Hands", "Shut Up and Let me Go", "Impacilla Carpisung" e "That's Not my Name". Antes da música final, mais um medley humorístico com "Walk this way", dos Aerosmith e a música do genérico do filme "Ghostbusters".
E, a encerrar o festival, os cabeças de cartaz da noite: Arcade Fire. Poucas maneiras seriam melhores para dar início à actuação dos canadianos do que, precisamente, com "Ready to Start", do último álbum, "The Suburbs". Seguiram-se "Keep the Car Running", "Neighbourhood # 2 (Laika)", "No Cars Go" e a interpretação emocionada e patriota de "Haiti", por Régine Chassagne. No final da música, cantada pela mulher, Win Butler arriscou um discurso em que dizia que o governo francês tinha uma enorme dívida com o Haiti. Mais uma vez, tal como já tinha acontecido no dia anterior durante o concerto dos Massive Attack, tais palavras caíram em orelhas moucas e a indiferença foi geral.
"Modern Man", "Rococo" e "The Suburbs" fizeram parte da sequência posterior, até Zach Condon, dos Beirut, entrar em palco para dar uma mãozinha (e fôlego no trompete) na interpretação de "Ocean of Noise", não sem antes sair de palco debaixo de enormes aplausos e elogios de Butler, amigo e apreciador dos Beirut.
Chovia torrencialmente durante quase toda a actuação dos Arcade Fire. Mesmo assim, a banda arriscou tocar "Intervention" e "We Used to Wait", mesmo a dar o mote aos minutos de espera que houve necessidade de fazer, para aguardar que a chuva passasse e a actuação pudesse ser retomada, embora os ecrãs laterais do palco tivessem sido já baixados, face à intempérie. Como isso não aconteceu, e para não defraudar o público, os Arcade Fire, obrigados a sair de palco sob risco de sofrer alguma electrocucção, já que todos os instrumentos estavam cobertos de água, voltaram ao palco para uma versão acústica inédita de "Wake Up". Faltavam ainda cerca de 10 minutos para o concerto acabar, mas, por motivos de segurança, não lhes foi permitido continuar com as canções que faltavam. De louvar a atitude da banda, em ter regressado ao palco, mesmo contra o que seria sensato. E é por isso que, apesar deste desaire, o concerto deles fica na história como um dos melhores de todo o festival. Só não entendi o mosh e crowdsurfing durante a actuação da banda, mas enfim. Francesices, com certeza...
Passaram pelos outros palcos, neste dia, Wallis Bird, The Black Angels, Wayne Beckford, Fat Freddy's Drop, Roxy Music, Success, I am un Chien!!, Rox, Wave Machines e Crystal Castles.

Pontos positivos: O recinto, como já referi, lindíssimo. As barraquinhas de comida, que abundavam por todo o lado, com uma escolha que nunca vi em lado nenhum: havia comida de todo o mundo (libanesa, crioula, marroquina, espanhola, japonesa, italiana, um nunca mais acabar de variedades). Era possível comer uma paella de faca e garfo ou sushi com pauzinhos, enquanto se descansavam as pernas nas mesas dos restaurantes do festival ou, até, sentar numa carpete marroquina com uma mesa rasteira para apreciar um chá de menta.
O cartaz e o preço dos bilhetes, €45 por dia, o que, quando se está num sítio destes, numa das cidades mais caras da Europa, e se tem a oportunidade de ver Queens of the Stone Age, Arcade Fire, Massive Attack, LCD Soundsystem, Beirut, The Ting Tings, Eeels and so on, tudo no mesmo cartaz, parece-me muito em conta. Sobretudo se tivermos em consideração, por exemplo, os preços dos bilhetes diários do Rock in Rio (€58) ou do Alive (€50), com cartazes bem mais fracos e menos condições que o Rock en Seine. Quem diz que os festivais em Portugal são baratos é porque nunca foi a este.

Pontos negativos: Só me ocorre um: as casas de banho ecológicas. Havia vários tipos de WC. As normais "dixies" festivaleiras, de plástico, e umas muito originais, chamadas "toilettes sèches", feitas em lona (a sério!), que, tal como o nome indica, não tinham água, mas, ao invés disso, tinham baldes de serradura para despejar na sanita. Ou então, havia ainda as casas-de-banho pelas quais se acedia por uma escadaria alta e que eram feitas em cartão. Consistiam basicamente num buraco no chão, tapado pelos referidos cartões. Mais uma vez, francesices.
Ecologia? Com certeza, meus amigos, mas não vamos exagerar! Aguinha é bom e dá muito jeito, sim?

Voltar ao Rock en Seine está nos meus planos futuros, sem qualquer espécie de dúvida, mesmo que, para meu infortúnio, este tenha sido o festival da coxa.
À bientôt, mes amis!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

"And the drums, and the drums, and the drums, and the drums..."

A pouco mais de 24 horas de levantar voo rumo à cidade-luz, que, afinal, diz que nem tem assim tanta luz quanto isso (não sem antes fazer uma pit stop de cerca de 3 horas em Londres, no aeroporto de Heathrow)...

Resta-me deixar aqui estes pensamentos:







E muitos outros se lhes poderiam juntar, mas, por razões de economia de espaço, limito-me a isto:


À bientôt, mes amis! Gros bisous!
LET THERE BE ROCK!!!

domingo, 8 de agosto de 2010

Countdown...

Dentro de exactamente 2 meses estarei aqui:


A ver isto:


Feel Good Inc!!! (É que o que se me oferece dizer.)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Arcade Fire – “The Suburbs” (ou A Montanha que esteve para parir um rato)


Três anos após o lançamento de “Neon Bible” os canadianos Arcade Fire editam “The Suburbs”, um álbum inspirado nos subúrbios... norte-americanos.
Diz Win Butler que a ideia para o álbum lhe surgiu quando recebeu no correio uma fotografia de um amigo de infância, com a filha às cavalitas, num qualquer subúrbio norte-americano. Tanto Win como o irmão, Will, viveram até aos 15 anos num desses mesmíssimos subúrbios (em Woodlands, no Texas) antes de emigrarem para o Québec. Talvez por isso, o single de apresentação e primeira música do álbum, “The Suburbs” contenha na letra as palavras “I want a daughter while I’m still young”. Estranha-se a letra, estranha-se a pessoalidade e a clareza da mensagem, mas, ainda assim, aceita-se bastante bem, porque se há canção do álbum que poderia ser single é, de facto, esta. Não que o resto do CD seja esquecível ou de somenos importância, mas dos Arcade Fire nunca se espera menos do que muito.
Para quem já não gostou de “Neon Bible” (o que não é o meu caso), estas não são boas notícias. Muito provavelmente não pularão de contentamento ao ouvir “The Suburbs”, pois falta a este novo conjunto de canções a pungência e a frescura (sem ironias mórbidas de qualquer espécie) de “Funeral”.
Ao passo que “Funeral” era um álbum de canções dolorosamente belas, um murro num estômago vazio, uma espécie de grito de esperança para os órfãos do rock em busca de novos Messias, este “The Suburbs” é, e passe a redundância já implícita no próprio título, mais acomodado, mais - palavrão dos palavrões - «acessível».
Falta a este novo álbum a chama presente no próprio nome da banda, canções que marquem a sua individualidade: em suma, hinos, como o foram “Wake Up”, “Power Out”, “Rebellion (Lies)”, “Tunnels”, “Black Mirror”, “No Cars Go” ou “My Body is a Cage” (utilizado no trailer do belíssimo “O Estranho Caso de Benjamin Button”, de David Fincher).
Em “The Suburbs”, poucos temas se atreverão a tal epíteto, mas “Ready to Start” anda lá perto: é saltitante q.b. e é o sucessor natural de “No Cars Go”. “Modern Man”, por seu lado, já faz parte daqueles temas mais modorrentos que se ouvem com o foco de interesse semi-desligado e passam sem fazer mossa por aí além. “Rococo” volta a roçar a classificação de hino: é Arcade Fire em estado puro. Seguem-se “Empty Room”, o bonito “City with no Children”, ”Half Light I”, “Half Light II (No Celebration)” e “Suburban War”, para acalmar os ânimos. “Month of May”, canção a resvalar para o punk, é outro dos temas já disponibilizados para audição há semanas, antes da edição do CD, juntamente com “The Suburbs” mas que, ao contrário deste último, não entusiasma grandemente. Aliás, a segunda parte do álbum acaba por ser a menos conseguida, com “Wasted Hours”, “Deep Blue”, “We Used to Wait” e “Sprawl (Flatland)” a passarem quase despercebidos, até que surge um dos temas porventura mais estranhos, mas mais estupidamente alegres que por aqui se ouvem: “Sprawl II (Mountains beyond Mountains”), com as vocalizações de Régine Chassagne e o som dos sintetizadores a transformarem o tema num gigantesco salão de discoteca dos anos 80, em que só nos falta imaginar a bola de espelhos pendurada no tecto. Para bater o pé, num festival perto de si. E o Rock en Seine aqui tão perto...
Para terminar, uma reprise de “The Suburbs (Continued)”, que mais não é do que meia dúzia de segundos do single de apresentação, versão violino, com uma batida ambiental por trás.

Resumindo: os Arcade Fire poderiam ter feito um grande álbum, tivesse “The Suburbs” 10 ou 11 temas em vez dos 16 que o compõem. Assim sendo, fica-se por uma inesperada mediania, com demasiadas canções a ficar abaixo das expectativas e, por conseguinte, a baixar o rating da banda.
Não quero com isto dizer que os Arcade Fire só têm capacidade de produzir boa música quando estão na fossa, como foi o caso do contexto de composição de “Funeral”, mas é inegável que “The Suburbs” acaba por ficar uns bons furos abaixo de qualquer um dos outros dois álbuns por eles gravados. A montanha acabou por não parir um rato, e seria injusto dizê-lo, mas andou perigosamente lá perto.

sábado, 17 de julho de 2010

Alive 2010 em texto e imagens


Vai ser difícil superar o Alive deste ano: pelo cartaz, que era, sem dúvidas de qualquer espécie, o mais forte a nível nacional, pela quantidade de excelentes concertos a acontecer todos os dias (muitas vezes à mesma hora, o que se lamenta) e, pessoalmente, porque depois de 8 meses seguidos sem um único dia de férias, estes três dias sem ir trabalhar e a fazer o que mais gosto (festivalar) souberam que nem ginjas.
Já se adivinhava que, face à fraca concorrência de Paredes de Coura e Sudoeste, com cartazes bem mais pobres que o habitual, este seria o ano do Alive em termos de invasão estrangeira, maioritariamente espanhola. Os incautos portugueses que deixaram a compra do passe de 3 dias ou para dia 10 para a última hora, convencidos de que «festivais não esgotam» tiveram a desagradável surpresa de voltar da FNAC de mãos a abanar e contentar-se em ir só a dois dias de festival. Tal não foi, felizmente, o meu caso, que já tinha o meu passe desde o início do ano.
A entrada no recinto no primeiro dia previa-se demorada e foi-o. Ainda que as entradas estivessem divididas por tipo de bilhete, ideia que se saúda, isso não significou menos horas ao sol à espera para entrar. Ainda bem que cheguei cedo.
A minha tarde iniciou-se no palco Super Bock Super Rock, ou secundário, como preferirem, a ver Local Natives, às 17h. Uma hora depois, os The Drums subiam ao mesmo palco. No palco principal tocariam, minutos depois, os Biffy Clyro, que já vi algumas 2 ou 3 vezes, nas primeiras partes dos Queens of the Stone Age em Madrid e Barcelona, daí o meu desinteresse em ir vê-los de novo. Preferi, em vez disso, esperar pelo concerto de Devendra Banhart no palco SBSR. Em boa hora o fiz, porque valeu bem a pena. De calções e t-shirt, longe dos desvarios de guarda-roupa que lhe estão associados, Devendra deu um espectáculo extremamente competente e divertido, ao incluir uma versão de "Tell it to my heart", de Taylor Dayne, que todos conhecíamos dos 80's e cantarolámos, sem, no entanto, percebermos porque é que ainda nos lembramos da letra daquilo (talvez de alguma noite de sábado no "Plateau", em que estivéssemos demasiadamente alcoolizados e longe de sítios mais porreiros para ir a outro lado).
Era chegada a hora de uma escolha difícil: no palco SBSR, Florence and the Machine. À mesma hora, mas no palco principal, Alice In Chains. Pesei os prós e os contras: já tinha visto Alice in Chains no SBSR de 2006. Foi giro e tal, mas não consigo lidar bem com bandas cujo vocalista morre e é substituído por outro com a voz igual. Lamento. Só conhecia para aí umas duas canções de Florence Welch e respectiva banda, mas nunca os tinha visto. Ia meio de pé atrás, porque geralmente desconfio bastante dos "hypes" do ano, das bandazecas de freaks que aparecem de repente e que passados seis meses já ninguém se lembra delas, geralmente endeusadas por publicações como a Blitz, mas resolvi dar-lhes o benefício da dúvida. Optei pela novidade em detrimento do regresso à adolescência e não me arrependi nem um pouco. Mas que concerto! Que vozeirão! Gostei muito do que vi e, arrisco dizer, soou ainda melhor do que em disco (sim, porque depois do concerto fui ouvir "Lungs" na íntegra várias vezes). Uma óptima surpresa que não esperava. Para não dizer que não via nada da performance da banda de Jerry Cantrell, fui ver só 3 ou 4 músicas dos Alice In Chains, mas depressa regressei ao palco SBSR para guardar lugar para o concerto dos The XX, que se previa iria estar a abarrotar e não me enganei. Quem chegou apenas minutos depois de mim, dificilmente terá conseguido entrar na tenda, tal não era o aglomerado de gente. A dada altura, um dos vocalistas, divertido e impressionado com o volume do coro do público, que quase abafava o som de palco, revelou que nunca ouvira um coro tão alto. Não valerá a pena estar aqui a indicar o alinhamento tocado, pois a banda só tem um álbum, mas foi muito divertida a inclusão de um sample de guitarra de ATB, um DJ alemão para lá de chunga, com um sucesso dos 90's, a meio de uma música.
Acabado o portentoso concerto dos XX, havia que retemperar forças para ir ver Faith No More o mais à frente do palco possível, já que a banda que os antecedeu, os Kasabian, não são santos da minha devoção.
Às 00:30, os acordes de "Midnight Cowboy" dão início ao que era o concerto mais aguardado da noite. Mike Patton e C.ª, na segunda passagem pelo nosso país da "Second Coming Tour", que já passara pelo Sudoeste no ano passado, de fatinho bege vestido (tal como no Sudoeste), abre as hostilidades. Seguem-se "From Out of Nowhere", "Be Aggressive", "The Real Thing", "Evidence" (em Português, como tem sido habitual), "As the Worm Turns", "Last Cup of Sorrow", "Cuckoo for Caca", "Easy" (a versão dos Commodores, de Lionel Ritchie), "Midlife Crisis" (com o refrão a ser berrado pela multidão em delírio, eu incluída, claro está) e "The Gentle Art of Making Enemies". Mais ou menos por esta altura Mr. Patton resolve vir confraternizar com o público e, ao ser levado em ombros, leva uns apalpões, ao mesmo tempo que perde um sapato. No regresso ao palco, grita: "Mal-educados!", "Bestias!". Quem anda à chuva, molha-se: estava à espera de quê, ao atirar-se para o meio da selvajaria? Tudo resolvido, continua-se com "Ashes to Ashes", "Ben" (uma versão dos Jackson 5), "King for a day", "Epic" e "Just a Man". Terminava assim o alinhamento, mas ainda faltavam dois encores: o primeiro incluiu "Stripsearch", com a já habitual entrada de Vangelis, e "Surprise, you're Dead!". O segundo encore teve apenas um tema: "Caralho Voador".
Faltou uma ou outra canção que queria mesmo ouvir ("Ugly in the Morning" ou "A Small Victory", só para referir algumas), e achei o concerto do Sudoeste ainda melhor do que este, mas foi, sem dúvida um grande, grande concerto.
O segundo dia adivinha-se bastante mais fraco e, em termos de público, a diferença sentiu-se bem.
Mais uma vez, passei a maior parte do dia no palco secundário, começando com os Holy Ghost! (não fui ver os Hurts, porque estava mais interessada em ir comprar a t-shirt dos Faith no More à barraca de merchandising), The Maccabees, depois disso um breve salto ao palco principal para ver algumas músicas de Mão Morta, novo regresso ao palco SBSR para ver The Gossip e deparo-me com a maior enchente e confusão que alguma vez vi e senti no Alive. Não foi nada fácil aguentar-me no sítio onde estava, sem ser constantemente empurrada por espanhóis bastante chatos em delírio, mas lá consegui amarrar os pés ao chão e não me mover um milímetro que fosse para conseguir ver o concerto de Beth Ditto e amigos. O início foi logo para partir tudo, com "Standing in the Way of Control". A voz possante de Ditto ainda passou por várias versões alheias como "Psychokiller", dos Talking Heads (e fui muito feliz durante esses segundos), "One More Time", dos Daft Punk, "What's Love Got to do with it?", de Tina Turner e ainda "I will always love you", de Whitney Houston, em jeito de piada. Para o final estava guardado o single "Heavy Cross" e a invasão de palco, pedida pela banda. Beth Ditto é a maior e não estou a referir-me à piada óbvia do perímetro abdominal da senhora, mas sim à sua capacidade vocal e simpatia. É um amor e desfaz-se em elogios à plateia que a vê, em êxtase. Voltem depressa, por favor, mas em nome próprio, de preferência.
À conta dos Gossip não pude ir ver Manic Street Preachers, que, infelizmente, nunca vi, mas terá de ficar para uma próxima. As sobreposições de concertos bons no Alive foram dos aspectos que mais me chateou.
Abomino Skunk Anansie, por isso ir vê-los estava completamente fora de questão. Em vez disso, fui descansar as pernas e encher o estômago para ter energia em Deftones, o concerto que mais aguardava nesse dia.
Já vi Deftones três vezes, mas acho que este concerto no Alive é, até agora, o meu preferido.
E que entrada em palco! "Headup" a dar o mote e o início a um concerto em que devo ter perdido um quilo só com os pulos que dei. Seguiram-se "My Own Summer (Shove It) (este tema é bom demais para ser verdade), "Diamond Eyes", "Rocket Skates" e "CMND/CTRL", "Sextape", "Feiticeira", "Knife Party", "Elite" (uma das canções em que mais gramas devo ter perdido. Love it!), "You've seen the Butcher", "Minerva", "Birthmark", "Root" e "Beauty School". A meio do concerto, Chino Moreno confessa que o atraso da banda se prendeu com o facto de o voo chegar, também ele, atrasado e de terem, inclusivé sobrevoado o recinto. Apesar da chegada já tardia e da falta de tempo para pormenores de última hora, como a troca de roupa (só assim se compreende que Moreno tenha actuado de camiseiro), o concerto da banda foi fenomenal e de uma energia improvável, para quem só teve meia hora para abandonar o avião e colocar-se em palco.
Seguiram-se mais duas das minhas preferidas de sempre dos Deftones, "Be quiet and drive (far away) e "Around the Fur", do álbum homónimo, cujas músicas, por gostar de todas, costumo dizer que poderiam todas dar singles. "Lotion", "Prince", "Change (in the House of Flies), "Passenger" (amo esta música, mesmo que, para minha tristeza, não possa ser cantada ao vivo com Maynard James Keenan), "Back to School" (do mesmíssimo "White Pony") e, a finalizar em grande, o regresso ao primeiro álbum da banda, com "7 Words". Sem direito a encore, que a noite já ia longa. As dores nas pernas eram muitas e o cansaço também, mas saí deste segundo dia do Alive de alma lavada.
O terceiro e último dia do festival foi o único em que não fui ao palco SBSR. No único dia isolado em que os bilhetes esgotaram, a confusão era muita e a multidão demasiada. Tudo para ver Pearl Jam, dizia-se. Pois, talvez, mas não era esse o meu caso. Estava mesmo ali era por Gomez, Gogol Bordello, LCD Soundsystem e o nosso Paulo Furtado, o Tigerman de serviço.
Às 18:30 a concentração de público para ver Gomez era muito maior do que eu suporia. O início deu-se ao som de "Get Miles", de "Bring it on", o álbum de 1998, que lhes valeu um Mercury Prize, o reconhecimento mundial e chamou a minha atenção, nesse longínquo ano em que entrei para a faculdade e os ouvia com muito prazer, ainda que, por norma, me dedicasse (e dedique ainda) a sonoridades bem mais pesadas. "How We Operate" (do álbum homónimo) fechou com chave de outro a actuação da banda britânica, neste que é o meu tema preferido dos Gomez.
Apesar de não conhecer muito bem, fiquei para ver os Dropkick Murphys e foi bastante engraçado, ainda que não muito o meu estilo.
Mas eis que chega Eugene Hütz em seguida, e os seus Gogol Bordello, e começa a festa a sério! Isto sim foi pular e bater o pezinho, ao som da ciganada punk mais divertida do mundo, sempre de garrafita de vinho na mão, para não perder o embalo. Siga a dança!
Já sei que vou ser crucificada pelo que vou dizer em seguida, mas o blog é meu, por isso digo o que me apetecer, tenham lá paciência.
Não aprecio Pearl Jam. Gostava de os ouvir quando tinha 14, 15 aninhos, mas deixei-me definitivamente disso quando acabei o secundário, aos 17 anos. Entretanto passaram-se 12 anos, já levo 29 nas costas e a minha opinião não mudou. O último álbum que ouvi deles foi "Yield", de 1998 e foi aí que desisti deles.
Hoje em dia não consigo ouvi-los, até porque, como qualquer pessoa no seu juízo perfeito, não tenho grande vontade de recordar a adolescência.
Fui, em vez disso, ver o nosso Legendary Tigerman e convidadas de "Femina" e não quis saber da actuação da banda de Eddie Vedder para nada, ainda que faça uma profunda vénia a Matt Cameron, agora baterista dos Pearl Jam, na minha opinião um dos melhores bateristas do mundo, pois fez parte dos Soundgarden (essa sim, «A» banda grunge e a melhor de todos os tempos, para mim). Continuo a achar que Cameron está claramente subaproveitado nos Pearl Jam, porque as músicas não puxam pelas suas reais capacidades, o que é uma pena.
Vi ainda um bom bocado de Tigerman no palco Optimus Discos (que trouxe consigo Becky Lee, Lisa Kekaula, Maria de Medeiros, Cibelle, Cláudia Efe, Rita Redshoes, Peaches, Phoebe Killdeer e Mafalda Nascimento. Só Asia Argento não pôde estar presente, devido a ter ficado retida em Florença e foi substituída por ela própria, mas em ecrã.), que deu, como de costume, um excelente concerto e, no fim, quando toda a gente já estava a ver Pearl Jam no palco principal, fui sentar-me, descansar as pernas, aproveitar a falta de filas em todo o lado, já que estava tudo a vê-los (e ainda bem, deu-me um jeitão!) e ganhar fôlego para LCD Soundsystem. Aí a 45 minutos do fim, lá fui ver um bocadinho do concerto, de maneira a marcar lugar para a banda de James Murphy, que encerraria o festival.
Parece que este foi o último concerto de Pearl Jam em muito tempo, a banda gosta muito de Portugal, o público português é o melhor do mundo, a bandeira portuguesa às costas no final do concerto, yada, yada, yada... o costume. Não há pachorra, desculpem lá. Com todo o respeito, mas o meu natural cinismo não me deixou no rosto a emoção que vi estampada nas caras das outras pessoas: algumas estavam mesmo a chorar. Sou um calhau, temos pena. Quero lá bem saber se eles voltam a vir cá tocar ou não.
A debandada a seguir ao concerto de Pearl Jam foi grande, o que, mais uma vez, deu-me um jeitão. Consegui, por esse motivo, aproximar-me das filas da frente e ver LCD Soundsystem em posição mais do que privilegiada.
A actuação foi curta, apenas 1 hora e 5 minutos, mas enérgica a rodos.
"Us vs. Them", "Drunk Girls", "Pow Pow", "Daft Punk is playing at my house", o belíssimo "All My Friends", "I Can Change", "Tribulations" (a desatar, definitivamente, as cordas dos pés e a pôr tudo a dançar à louca), "Movement" e, por fim, "Yeah".
Sem encores e sem espinhas, que a festa era mesmo para acabar aqui.

Pontos negativos: As filas de espera para troca de bilhete por pulseira no primeiro dia do festival. A sobreposição de tantos e tão bons concertos, o que me obrigou a fazer escolhas muito difíceis. A aproximação de horários de muitas das bandas que queria ver, o que me fez andar constantemente a correr de um palco para o outro, qual maratona da EDP.
Pôr The Gossip, The XX e Florence and the Machine no palco secundário foi mais uma das ideias de jerico da organização. A Everything is New não aprende mesmo! Chegou a estar mais gente na diminuta tenda do palco secundário do que no palco principal (casos de The Gossip vs. Manic Street Preachers e Florence and the Machine, seguido de The XX vs. Alice in Chains), o que se calhar quererá dizer alguma coisa, digo eu.
O Alive foi o festival do mini-calção. A quantidade de meninas em calções do tamanho de cuecas por metro quadrado fez-me, por momentos, pensar que estaria na praia e ninguém me tinha avisado. Era vê-las, horas mais tarde, a tiritar, geladas de frio e embrulhadas em cobertores da Cruz Vermelha. Mostrar o corpo, nada contra, mas aprendam, de uma vez por todas, a vestir-se convenientemente para um festival, que até é à beira-rio. A burrice paga-se cara.

Pontos positivos: Foi, sem sombra de dúvidas, o melhor festival nacional e o melhor cartaz de sempre do Alive. Estive presente em todas as 4 edições deste festival, mas esta é, até agora, a melhor de todas. Manter o nível vai ser, no mínimo, um desafio para a Everything is New. Boa sorte!
As boas surpresas: Florence and the Machine e Devendra Banhart, assim à cabeça, duas das actuações que me fizeram passar a maior parte do festival no palco secundário, sem que nada o fizesse prever antes.
A quantidade quase absurda de bons concertos para ver foi de tal forma que no domingo mal me podia mexer.

"Are you Alive?", lia-se nas t-shirts e cartazes que povoavam o recinto.
Yes, but barely, respondo eu.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Aberta a época de caça ao festival


Amiguinhos,

No meio de tanta azáfama trabalhadeira, mestradeira, caseira e outras "eiras", quase olvidei que este meu blog existe e grita por um pouco de atenção.
Bem sei que muito poucos o lêem e ainda menos lhe verão verdadeiro interesse, mas eu sou uma gaja insistente e não desisto destas vidas assim por dá cá aquela palha.
Sendo assim e assim sendo, declaro aberta a época oficial de caça ao festival, que já teve início com o Rock in Rio, nos passados dias 27 e 30 de Maio, dias de Muse e Rammstein, respectivamente e terá seguimento próximo no Alive, que se avizinha a passadas mais largas do que as do Mourinho a pirar-se de Milão para Madrid (N.B. o facilitismo do trocadilho futebolístico em época de Mundial).
Quanto às fotos (sim, que elas existem!), seguir-se-ão dentro de breves momentos.
Stay tuned!

domingo, 18 de abril de 2010

"Diamond Eyes", Deftones


Como é que se sobrevive à quase perda de um baixista, em coma há mais de um ano, ao desinteresse da geração dos late 90s/early 00s, órfã dos resquícios do grunge e do posterior movimento do nu-metal, agora maioritariamente virada para as bandinhas da moda indie? A resposta é: não se sobrevive.
Os Deftones sempre foram, de longe, uma das bandas mais interessantes (se não mesmo a mais interessante) a sair do acima mencionado movimento, a anos-luz de distância das inanidades infantis dos Korn, da pura idiotice dos Limp Bizkit ou devaneios delicodoces dos Incubus. Os Deftones têm um currículo brilhante, com "Adrenaline" (quem não se lembra do velhinho "7 Words", que todos berrávamos a plenos pulmões em discotecas porreiras como o já extinto Rockline ou de "Bored"?), do fantástico "Around the Fur" (que não tem um único tema mau), de "White Pony" (e das novas sonoridades que introduziu, com "Passenger" à cabeça, um dos melhores temas alguma vez gravados pela banda, ao que não é alheia a participação de Maynard James Keenan, dos Tool), de "Deftones", de 2003, ainda e sempre muitos furos acima do que qualquer banda filiada no mesmo género fazia na altura e, finalmente, do mais fraco, mas ainda assim muito aceitável "Saturday Night Wrist".
E depois o vazio. A quase morte de Chi Cheng deixou marcas profundas na banda e o álbum que gravavam na altura, "Eros", foi posto na prateleira até que Chi acordasse do coma. Como tal ainda não aconteceu, os restantes membros resolveram gravar este "Diamond Eyes" com a ajuda de Sergio Vega, dos Quicksand, no baixo.
O resultado está longe de satisfazer os fãs da velha guarda, como eu. É claro que nunca esperei um novo "Around the Fur" ou "White Pony": os tempos são outros, os fãs da banda cresceram e as sonoridades da moda são, hoje, muito mais díspares do que há 10 anos atrás. No entanto, não era disto que estava à espera.
É certo que, ao contrário dos Korn, que aos 40 anos continuam a cantar sobre as agruras da adolescência e os horrores do liceu, a envergar calções largos e ténis, quando já têm mais do que idade para ter juizo, os Deftones têm uma imagem bastante mais sóbria, adulta e tiveram sempre a preocupação de fazer o seu som evoluir, ao invés de a enfiar num buraco estanque, como a banda de Jonathan Davies, convencidos de que o seu público não muda. Os Deftones são, felizmente, mais inteligentes do que isso. O problema aqui é que isso de pouco lhes valeu, pelo menos a avaliar por este "Diamond Eyes". O primeiro single, "Rocket Skates" é, como já o disse antes, mau e deveras imberbe, mas, ao ouvir o resto do álbum, percebo (relativamente) a escolha. É que, em boa verdade, poucas músicas do disco teriam capacidade para ser single, à excepção talvez de "Royal", "CMND/CTRL" ou "Prince" , os melhores temas deste registo. O resto passa sem fazer grande mossa.
"Eros", o álbum «emprateleirado» pela banda, sairá, supostamente, ainda em 2010. Esperemos que seja bem melhor do que isto, se não estamos mal.
Não querendo fazer a crónica de uma morte anunciada de uma banda de que sempre gostei (ou não fosse o meu nickname o que é), mas, a continuar assim, dentro de pouco tempo, os Deftones bem podem encomendar a lápide da banda, tal não é a estagnação criativa.
"Diamond Eyes" é o que "The Resistance", dos Muse e "Scream" de Chris Cornell, foram em 2009 e "Day & Age", dos The Killers, foi em 2008: o disparate musical do ano.
Uma pena.

(Artigo publicado igualmente no fórum da Blitz. Para ler o artigo online, bem como os comentários dos utilizadores do fórum, basta clicar em:
http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/60152

sábado, 17 de abril de 2010

Inquéritos do Inimigo


(Carlos Carvalhal, futuro ex-treinador do Sporting, que pondera tirar um curso de pastelaria fina ou origami no Centro de Emprego)

É viciado em jogar Farmville?

Eu não tenho muito tempo para me dedicar à agricultura virtual, já passo tempo que chegue rodeado de nabos, abrunhos e molhos de brócolos. E dos leitões assados que o Miguel Veloso traz para os treinos.
(In "Inimigo Público", 16/04/2010)

Há que rir destas coisas. Ai Zbórding, Zbórding, que este ano só me deste foi desgostos...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pois que sejam muito bem-vindos chez moi


O final do mês de Março trouxe consigo ventos de mudança. A partir de então passei a corresponder-me convosco de outras paragens que não o centro de Lisboa, onde vivi muitos anos (10, para ser mais precisa), mas os arredores.
Por isso, assim em jeitos de Ipiranga Style, sejam muito bem-vindos à periferia, à minha nova casa e ao sítio onde vos receberei com muito prazer.

Enfim só.

Wanna come in?

Segundo aniversário


Como péssima «mãe» que sou, esqueci-me de parabenizar convenientemente aqui o meu "Into the Hollow" no passado mês de Março, em que este cumpriu dois anos de existência.
Já lá vão dois anos de inanidades, disparates, viagens, pensamentos e, sobretudo, de muita música.
Espero continuar a dar-vos música por muito mais anos, assim queiram ter a gentileza de por cá ir passando de quando em vez.

Abraço battle axiano

sábado, 13 de março de 2010

Para mais tarde recordar...



Habitualmente avessa à publicação de fotografias da minha pessoa neste meu blogue, interrompo momentaneamente a minha própria regra para fazer um pouco de publicidade ao site da minha amiga, colega e fotógrafa preferida: Carla Maio. Numa sessão descontraída, entre amigas, que mais não era para ser do que uma diversão após um longo e duro dia de trabalho, em noite de Carnaval, resultou isto:

http://www.carlamaio.net/PHOTO_SESSIONS/STUDIO/WOMEN/index.html

O site já há muito que faz parte da lista de imperdíveis aqui do Hollow (como podem ver à direita), mas nunca é demais referir.
Books, portfolios, fotografia de moda, casamentos, bebés ou canitos amorosos fotografados sempre em grande estilo? This is your woman:

www.carlamaio.net

quarta-feira, 10 de março de 2010

Back in business - Deftones

"Diamond Eyes", o muito adiado álbum dos Deftones, devido ao facto de o baixista, Chi Cheng, continuar em coma, desde um brutal acidente em Novembro de 2008, que o deixou em estado praticamente vegetativo, sai a 18 de Maio. A banda não queria lançar o novo disco sem que Cheng estivesse recuperado, mas como as hipóteses disso acontecer serão nulas, recrutou Sergio Vega, dos Quicksand, para dar uma perninha em concertos ao vivo e, agora, no CD.
O novo single, este "Rocket Skates" é fraquinho e não adianta nem atrasa em relação ao que a banda de Sacramento tem feito nos últimos anos (vide o anterior "Saturday Night Wrist", de 2006). Esperemos que o resto do álbum seja mais forte e menos pueril, porque isto já nós ouvimos antes e, convenhamos, os Deftones sabem fazer bem melhor. Ou eu não me chamasse Battle Axe. ;-)

quarta-feira, 3 de março de 2010

Notícia do ano (que o ano passado também o foi)


@ ALIVE 2010!

Obrigada, EIN! Estão perdoados!
Ide em paz e que o senhor vos acompanhe (a trazer cá os Them Crooked Vultures, Arcade Fire e assim mais umas coisitas boas).

domingo, 28 de fevereiro de 2010

On writing...


"To me, the greatest pleasure of writing is not what it's about, but the inner music that words make."

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

And the winner is... me?



Quem diria que uma singela crítica feita por mim ao concerto dos Them Crooked Vultures no Hammersmith Apollo, em Londres, no passado mês de Dezembro, (igualmente publicada aqui mais abaixo, neste mesmíssimo blog) seria publicada na revista Blitz deste mês e ganhando o prémio de carta do mês?
Compro a revista todos os meses e já a tinha adquirido na semana passada, mas como regra geral ignoro sempre as cartas do mês, passou-me completamente ao lado. Shame on me...
Muito obrigada P. e C. por me terem avisado e pelos votos de parabéns que me enviaram, caso contrário não faria a mínima ideia até hoje.
Agora fico à espera do prémio: a tal biografia de 600 páginas do «Rei da Pop». Não gosto do senhor, mas se ganhei o livro, quero-o para cá!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Arctic Monkeys @ Campo Pequeno, 03/02/2010












Alinhamento:

Dance Little Liar
Brianstorm
This House Is A Circus
Still Take You Home
Potion Approaching
Red Right Hand (versão de Nick Cave)
My Propeller
Crying Lightning
Catapult
The View From The Afternoon
I Bet You Look Good On The Dancefloor
Fluorescent Adolescent
If You Were There, Beware
Pretty Visitors
When The Sun Goes Down
Do Me A Favour
Secret Door
Cornerstone
505

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Gosto disto...

Desculpa lá Tiger Man, já te achava alguma piada, mas comecei a arranjar espaço na minha agenda para te ouvir mesmo a sério só depois de te ter visto ao vivo no último Super Bock em Stock. Mea culpa!
E o "Femina" está muito bom, tenho a dizer. Aqui segue uma das minhas preferidas:
The Legendary Tigerman - "Lonesome Town" (feat. Rita Redshoes).

domingo, 24 de janeiro de 2010

sábado, 16 de janeiro de 2010

Feliz 2010 (ao retardador)!



(Foto tirada no Natural History Museum, Londres, Dezembro 2009)



(Battle Axe a brincar na neve em Brentwood, Essex, Dezembro 2009)