domingo, 27 de dezembro de 2009

Them Crooked Vultures (and guests: Sweethead) @ Hammersmith Apollo, Londres, 17/12/2009



Um mês após o lançamento do álbum homónimo dos Them Crooked Vultures e das não-confirmações de concertos em solo nacional, chega a minha vez de ir ver ao vivo o novo projecto de Josh Homme, Dave Grohl, John Paul Jones e o já habitual companheiro de estrada dos QOTSA, Alain Johannes, no Hammersmith Apollo, em Londres.
Numa semana pautada pela neve e frio glaciares, cheguei a temer pela realização do concerto, mas, apesar do manto branco que cobria a cidade, e sobretudo os arredores, no Essex, onde me alojei, não houve problemas em chegar a Hammersmith. Sair do concerto é que foi tarefa assaz complicada, pois S. Pedro não foi lá muito amiguinho e resolveu dar-nos o maior nevão da semana e provocar uma série de peripécias e perigos que só soam engraçados agora, à distância de uma semana e no quentinho do lar, porque na altura tiveram muito pouco de divertido. Mas adiante.
O Hammersmith HMV Apollo é uma sala de concertos de dimensão média: é bastante maior que o nosso Coliseu dos Recreios, mas é mais ou menos o mesmo género de sala, com a particularidade de não ter bancadas, nem camarotes laterais. Divide-se em plateia em pé e bancadas superiores só na parte de trás.
A configuração do solo em anfiteatro permite que eu, uma portuguesa de estatura média, consiga, apesar de no meio de milhares de ingleses com dois metros de altura, ver muitíssimo bem o concerto e até chegar às filas da frente sem problemas de maior.
Esgotadíssimo há meses, como já era de esperar, ou não estivéssemos a falar do super-grupo do ano, não surpreendia a quantidade de candongueiros que se juntavam à porta do metro e nas imediações de Hammersmith para ganhar umas boas libras à conta dos pobres coitados apreciadores de boa música.
A banda de suporte é nem mais nem menos que o novo projecto de Troy Van Leeuwen, guitarrista dos QOTSA, os Sweethead, com novo álbum (homónimo) saído em Novembro, ainda fresquinho, portanto. Alinham ainda a vocalista Serrina Sims, uma loiraça que parecia acabadinha de sair da capa da Vogue, que já participou em coros no último dos QOTSA, "Era Vulgaris" (em "Make it Wit Chu"), bem como Eddie Nappi e Norm Block da Mark Lanegan Band. Ninguém diria que aquela menina com ar de top model, de maquilhagem e penteado impecáveis, vestido curto e justo de brilhantes azuis seria aquele furacão em palco. Serrina: 1 - Público embasbacado: 0.
Minutos depois, subiam ao palco os abutres da noite. "Dave [Grohl], this is London. London, this is Dave." - apresentou um Josh Homme muito bem-disposto, de garrafa de vinho na mão. Homme gosta muito de Londres e isso nota-se. Já há dois anos atrás, quando tive oportunidade de ver os Queens of the Stone Age na Brixton Academy, as declarações de amor de Homme a Londres não tardaram. Desta vez, a mesma história. É pena que não nutra o mesmo amor por Lisboa, pensei eu. Estes gajos saem-me sempre caros, com esta conversa de terem deixado de vir a Portugal.
As hostilidades abrem-se ao som do tema que também dá início ao álbum da banda: "No one loves me and neither do I". Grande tema este! Não consigo evitar ficar a cantarolar, em modo "repeat", "I know how to be lost in lust, not because you should, but because you must" sempre que ouço esta canção. Segue-se "Dead end friends" e o portentoso "Scumbag Blues". É o delírio logo aos primeiros acordes, mas o público inglês é parco em demonstrações mais calorosas (= mosh) e o concerto passa-se com poucas intervenções dos seguranças de palco de serviço. É-nos servido um "Elephants" sempre a abrir e um tema novo não incluído no álbum, "Highway One", que tem sido apresentado em alguns dos concertos da digressão. Seguem-se o single "New Fang", uma das grandes malhas dos TCV, "Gunman" e aquele que é, para mim, um dos melhores temas gravados pela banda: "Bandoliers". E que bem que soa isto ao vivo!
De seguida, "Mind Eraser, No Chaser", Caligulove" e "Interlude with Ludes", com Josh Homme a largar a guitarra e a agarrar o microfone em pose de "crooner" durante toda a canção, bamboleando a anca e fazendo poses sexy/alcoolizadas, que muito nos divertiram. Pelo meio, uma dedicatória a uma menina loira que se encontrava nas bancadas, a quem J Ho achou piada e outra a John Paul Jones, "o único homem que consegue fazer com que uma guitarra-baixo de teclas pareça cool", segundo palavras do vocalista dos QOTSA.
A sequência final do concerto tem início com uma versão de 11 minutos de "Spinning in Daffodils", tema que encerra o álbum, tocada ao contrário. A introdução de piano tocada por John Paul Jones passa do início para o final da música, o que deixa o ex-Led Zeppelin brilhar sozinho durante largos minutos em palco, tendo como espectadores embevecidos os próprios colegas da banda, Homme, Grohl e Johannes. Muito bonito. As lendas vivas apreciam-se assim, em silêncio. Aplauso fenomenal do público no final, como devem imaginar. Para terminar, "Reptiles" e "Warsaw or the first breath you take after you give up".
Apagam-se as luzes e abrem-se as portas. Não há lugar a encores, porque, mesmo que o quisessem, só ter um álbum para mostrar não ajuda. Ainda assim ouvimos 14 temas, mais um do que os 13 incluídos no CD. Cá fora esperava-me um nevão e um regresso mais do que atribulado ao Essex. Voltaria a fazer tudo de novo, nem que a neve me chegasse à cintura.

Artigo publicado no fórum da Blitz online. Para aceder ao dito cujo, é só fazer clique em:

http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/55657

2 comentários:

Miguel disse...

Neste momento o meu nome é: Quim Veja! Percebeste? que inveja... ai... desculpa lá.

Battle Axe disse...

Estás à vontade, Miguelito.
Sejas muito bem aparecido, rapaz! E, já agora, umas boas entradas!
Beijinhos*