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Como é isso aí dentro? Não parece nada mal, não senhor, apesar de o espaço, para já, ainda ser exíguo. Na primeira vez que te vi eras uma bolinha de 6,6 cm de comprimento, todo cabeça, perninhas e braços que não paravam de mexer como que ao som da música de fundo que o teu pai resolveu adicionar ao vídeo da ecografia.
Ainda não sabemos se és criança ou «crianço», mas, sejas o que fores, aguardamos ansiosamente que saltes cá para fora em Outubro. És o nosso presente (e que chique é dizer «presente» em vez de «prenda», uma palavra tão povoléu...) de Natal antecipado e quero que saibas, desde já, que tens aqui uma tia ansiosa por aprender a mudar fraldas cheias de chichi (o cocó fica para os teus pais que se lixam. Ah, pois é, bebé! Afinal, foram eles que te fizeram!) e babetes bolsados como se não houvesse amanhã (desculpa lá roubar-te a expressão, Markl, mas tu que vais ser pai percebes estas coisas e, além disso, não lês o meu blog, portanto, não te devo direitos de autor.)
Para já, levaste uma prendita ainda unissexo aqui da tia, mas se daqui a uma semana já soubermos se tens ou não pilinha, outras se seguirão. A próxima compra para ti vai ser um lindíssimo cachecol do Sporting (versão mini, claro está), sejas de que sexo fores, que isto de pequenino é que se torce o pepino e os pepinos sempre foram verdes. Livra-te de não nasceres lagarto! O teu pai é da raça da lampionagem, mas a tua mãe e tia viraram para o outro lado da Segunda Circular, «de maneiras que» temos pena, mas, nestas coisas toda a gente sabe que os homens só dizem disparates e as mulheres têm sempre razão. E tenho dito.
A tua avó, coitada, já achava que nunca iria ter netos e, por mim, não tenciono dar-te primos, desculpa lá, meu/ minha querido/a. Bastas-me tu.
Bem sei que moro longe e não posso ver-te tanto como gostaria, mas prometo ir à terrinha mais vezes (a sério que sim!) para estar contigo e comer as tuas papas Cerélac todas. É que adoro papas de bebé, sabias?
Tenho um palpite que vais ser «crianço», mas a verdade é que os meus palpites não costumam ser assim tão certeiros quanto isso ou não seria eu do Sporting, n'est-ce pas? Se não fores menina o teu pai já ameaçou que vai continuar a tentar até ter uma, mas não me cheira que a tua mãe vá nesses futebóis. Cresce bem, saudável e depressa para vires cá para fora chorar, espernear que nem um desalmado, puxar-nos os cabelos e todas essas coisas divertidas que vais aprender a fazer num ápice. Como vês, ainda nem nasceste e já me transformaste numa pindérica. Não seria suposto que uma pessoa que chama a si própria Battle Axe escrevesse este tipo de textos, sobretudo num blog maioritariamente sobre coisas tão profundas como concertos, festivais e viagens. Helàs! Hoje fizeste-me mudar de direcção. Que isto não se repita, «óbistes» puto? Há que manter a superficialidade da coisa, como convém.
Não tarda vais andar a ser beijado e abraçado (à força, como deves imaginar) por velhotas de oitenta anos, de baton vermelho, cabelo com a mise feita e a cheirar a Heno de Pravia, a dizer coisas tão bonitas como: «Cá 'jinho amoriiiiii!» ou então por uma pindérica de 28 anos (moi même) a berrar-te frases do estilo: «Coisa mái linda da tia!».
Este ano AINDA não podes ir comigo a Paredes de Coura, ao Alive ou a festivais e concertos assim giros em sítios onde se fala estrangeiro, para onde se vai numa coisa metálica chamada avião (são sítios um bocadinho barulhentos, mas tu ias gostar, de certeza. Hás-de puxar a mim em alguma coisa ou não me chame eu Battle Axe, catano!), mas, se reparaste bem eu enfatizei o AINDA. Dá-me uns aninhos (13 ou 14, mais coisa menos coisa) e passas a ir comigo, assim os teus pais vão na nossa conversa.
E com isto me vou. Gostei desta nossa conversa. Havemos de a ter mais vezes, seja onde for, isso logo se vê, que isto somos pessoas muito ocupadas, temos mais que fazer e a nossa vida não é isto, não é verdade?
Beijo grande da tia,
Báta Éxe