sábado, 7 de fevereiro de 2009

"Milk"



1.º filme da mini-maratona cinematográfica do fim-de-semana passado: "Milk", de Gus Van Sant.
Harvey Milk, gay assumido, muda-se nos anos 70 para San Francisco com o novo namorado, Scotty Smith. Aí abre uma loja fotográfica no bairro de Castro e começa a ser alvo de discriminação sexual. Pouco tempo depois, todo o bairro é invadido por uma extensa comunidade gay que via no Castro o único reduto para o seu estilo de vida «alternativo». Harvey torna-se líder e porta-voz desta comunidade, luta pela igualdade de direitos de acesso a emprego e habitação por parte de homossexuais e concorre repetidas vezes a supervisor da câmara municipal. Pelo meio, vai perdendo várias eleições, é alvo de ataques de conservadores como Anita Bryant, ameaçado de morte repetidas vezes, mas nunca desiste, até porque os resultados obtidos são sempre encorajadores. Quando finalmente consegue ser eleito (muito devido em parte à contratação de Anne Kronenberg, uma jovem directora de campanha, lésbica, claro está) faz história nos E.U.A.: é o primeiro homossexual a ser eleito para um cargo público. Milk conta com o apoio da extensa comunidade gay de San Francisco, mas também do próprio Mayor da cidade, George Moscone. O resto do país, no entanto, não está ainda preparado para encarar a homossexualidade de outra forma que não como uma doença, um grave distúrbio comportamental e Milk não tem vida fácil. A relação de coexistência semi-pacífica com o também colega supervisor, Dan White (numa notável interpretação de Josh Brolin, em grande destaque este ano) vai-se degradando, com os resultados sabidos. Harvey e o Mayor Moscone são assassinados pouco tempo depois, em pleno exercício de funções, mas a marcha fúnebre de mais de 30.000 pessoas pelas ruas da cidade californiana que se segue é a prova de que a luta pela igualdade de tratamento entre gays e heterossexuais ganhara um rosto. No início do filme, Harvey diz no dia em que completa 40 anos que não chegaria aos 50. A história veio a dar-lhe razão.
Aqui está mais uma interpretação brilhante de Sean Penn, completamente merecedora da nomeação ao Oscar de que foi alvo. Já começa a ser difícil a Penn entrar num filme sem ser nomeado para um Oscar. Como já o ganhou antes, continuo a apostar no Sr. Pitt. Mas se a estatueta ficar nas mãos de Penn ficará muito bem entregue na mesma.
Dignas também de nota as interpretações dos jovens actores Alison Pill (no papel de Anne Kronenberg), Emile Hirsch (irreconhecível como Cleve Jones) e James Franco: não deve ter sido nada fácil ao menino bonito de Hollywwod fazer de gay nas cenas de sexo com Sean Penn. Tiro-lhe o meu chapéu e, já agora, ao resto do elenco todo e ao filme.

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