sábado, 3 de maio de 2008

Tropa de Elite




Tropa de Elite, o que é que você faz?
Fazemos muita coisa até matamos Satanás!
Tropa de Elite, qual é a sua missão?
Entrar pela favela e deixar corpo no chão!

Missão dada é missão cumprida: é este o lema dos BOPE, uma força especial brasileira de intervenção sem paralelo em Portugal, mas cuja comparação mais aproximada seria, talvez, aos GOE.
Quando o BOPE actua é porque as forças policiais ditas normais já não conseguem fazer nada e entra para matar: o assunto é guerra mesmo. Numa cidade como o Rio de Janeiro, cuja zona metropolitana tem mais de 11 milhões de habitantes, existem 59 favelas contabilizadas. Para toda esta gente existem apenas cerca de 100 agentes do BOPE, treinados nas condições mais desumanas para resistirem a tudo, a todo e qualquer tipo de pressão, para garantir que a limpeza vai ser geral. Escuso-me a contar grandes detalhes do filme, pois este apesar de já ser de 2007 e de ter sido candidato aos Óscares deste ano, ainda não estreou em Portugal, inexplicavelmente. É verdade que já quase toda a gente o viu, mas no grande ecrã é sempre melhor do que no limitado monitor do PC.
O argumento é baseado em factos reais, suportado por relatos de psicólogos e conta 3 histórias diferentes que acabam por se entrecruzar. Nascimento, capitão dos BOPE, futuro pai, homem treinado para ser implacável, instrutor do batalhão de aspirantes, desespera por não conseguir arranjar quem o substitua. Matias, jovem aspirante a BOPE, pobre, preto e de uma inteligência fora do comum. É graças a ela que entra na melhor faculdade de Direito do Rio e escapa ao destino que a sua condição faria adivinhar. Por último, Neto: nasceu para ser polícia, tem os BOPE no coração (e na pele, como se vem a revelar), incorruptível, de grande força física e mental, falta-lhe, porém, a inteligência de Matias, seu amigo de infância.
Um destes amigos vai ter de revelar que merece o lugar de capitão e levar de vencida todos os aspirantes, esquecendo vida pessoal, amigos, família, de maneira a tornar-se um «policial», como diz Nascimento. E, para isso, há que esquecer o coração.

Tropa de Elite osso duro de roer!
Pega um, pega geral, também vai pegar você!
Bate com o pé, bate com a mão,
bate com o pau, o BOPE é mal, quebra geral.

Cachorro latindo,
criança chorando,
vagabundo vazando!
É o BOPE chegando!

Das várias dezenas de aspirantes do batalhão só ficam entre 3 a 5, tal não é a violência física e psicológica do treino. No fim, quem fica tem de provar que merece o posto, com tudo o que isso implica: matar, exactamente. Mas matar com honra, como diz Nascimento, o narrador, porque isso existe, ainda que pareça irreal. E há que arcar com as consequências...

O pedaço do inferno é aqui onde estou
Sobreviver dentro do mundo,
muito sofrimento foi o que restou
O pedaço do inferno é aqui onde estou
Liberdade nunca mais, nunca mais voltou.
Nota 10.

1 comentário:

Miss-I-Am-Free-Because-I-Belong-Nowhere disse...

Muito bom! E que mostra categoricamente essa «podridão» em que se encontra a sociedade brasileira. E eu que devido a muita porcaria de novela brasileira que «tradapto» e onde essa realidade surge representada, só tenho a dizer: NÃO HÁ SOLUÇÃO! Aquela sociedade tem todos e mais alguns podres e, por isso, é cada um por si e o BOPE por todos...é um dia-a-dia de salve-se quem puder, infelizmente....