domingo, 20 de abril de 2008

Automóveis low-cost


O "low-cost" já chegou à indústria automóvel e esta semana que se avizinha marca a entrada no mercado nacional do Logan MCV, um veículo familiar de 7 lugares fabricado pela Renault, com características aparentemente semelhantes às carrinhas que todos conhecemos mas a um preço incomparavelmente mais baixo.
O Logan é fabricado na Roménia, país que passou a fazer parte da União Europeia no ano passado, pela Dacia, empresa adquirida pelo grupo Renault/Nissan. No seu fabrico são utilizadas peças pertencentes a modelos antigos do Renault Clio ou Mégane, o que diminui os custos de investigação e desenvolvimento do carro, e, consequentemente, o preço final do veículo. Mas este é apenas o primeiro a chegar a Portugal. Ainda recentemente a indiana Tata lançou o Nano, um automóvel comercializado abaixo dos 2000€, modelo esse que aguarda entrada na Europa.
Prevê-se que, dentro de dois anos, os automóveis abaixo dos €7000 representem 13% do mercado mundial (isto é, 10 milhões de veículos). Enquanto no mercado europeu as vendas de automóveis têm vindo a registar estagnação, as economias emergentes como a já referida Índia e não esqueçamos a China, obviamente, apresentam grandes margens de crescimento. Produzir automóveis com um preço final tão baixo para o consumidor equivale a reduzir ao máximo os custos de produção, manutenção e os consumos de modo a maximizar os lucros. Confiariam num carro construído desta forma? Eu não. Que nível de segurança oferece um veículo deste tipo? A Renault garante que o Logan se portou bem nos testes de segurança europeus. Acreditam nisto? Nem pensar. Milagres não se fazem...
A juntar a tudo isto, e como não poderia deixar de ser, fica o salário auferido pelos trabalhadores romenos da Dacia/Renault: €285 mensais. A imagem que ilustra este post (e perdoem o desrespeito pelo "Not for public use" que ela ostenta) é da greve que estes trabalhadores (ou deverei dizer, escravos modernos?) levam a cabo há cerca de um mês, reinvindicando um aumento de ordenado na ordem dos 150€. "Modern life is rubbish", já diziam os Blur nos anos 90. Nada mais verdadeiro uma década de capitalismo selvagem depois.
Quanto à Roménia:
Bem-vindos à União Europeia.

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